Vinícius de Moraes morreu aos 67 anos, de edema pulmonar
Há exatos 100 anos nascia no bairro da Gávea, zona sul no Rio de Janeiro, Marcus Vinicius de Melo Moraes ou apenas Vinicius de Moraes. O “poetinha”, como era conhecido, viveu toda a sua infância no Rio, quando escreveu seus primeiros versos. Em 1924, entrou para o tradicional Colégio Santo Inácio, em Botafogo, onde cantava no coro da igreja e montava pecinhas de teatro.
Com apenas 16 anos Vinicius entrou para a Faculdade de Direito do Catete, na qual se formou em 1933, mesmo ano da publicação de seu primeiro livro, “O caminho para a distância”. Durante o período de formação acadêmica firmou amizades e, a partir de então, viveu uma vida ligada à boemia.
Chegou a estudar literatura inglesa na Universidade de Oxford, na Inglaterra, porém, não se formou em razão da Segunda Guerra Mundial. Ao retornar ao Brasil, fez amizade com os escritores Mário de Andrade, Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade.
O artista trabalhou como jornalista, cronista e crítico de cinema, antes de ingressar na diplomacia, em 1943, quando foi nomeado vice-cônsul em Los Angeles. Como diplomata, alcançou o posto de segundo secretário da embaixada brasileira em Paris dez anos depois. Anos mais tarde abandonou a diplomacia e tornou-se músico.
O “Poetinha” foi um dos fundadores do movimento revolucionário na música brasileira da década de 50, a Bossa Nova, juntamente com Tom Jobim e João Gilberto. A partir dos anos 60, o estilo musical ganhava o reconhecimento internacional.
É autor de algumas das frases e dos poemas mais conhecidos na literatura brasileira. Entre suas músicas marcantes estão “Garota de Ipanema” (a canção brasileira mais tocada no mundo, parceria dele com Tom Jobim), “A Felicidade”, “Manhã de Carnaval”, “Chega de Saudade” e “Eu sei que vou te amar”.
Sua obra musical soma mais de 300 títulos que retratam o cotidiano, o amor e as mulheres.
“Vinicius de Moraes foi um divisor de águas na história da música popular brasileira. Um poeta de livro que de repente se torna letrista e traz para as letras da música brasileira uma grande densidade poética”, define o crítico musical Tárik de Souza.
Para o especialista, Vinicius “foi o primeiro parceiro do Edu Lobo, o primeiro parceiro do João Bosco, incentivou o Francis Hime e vários outros artistas a se dedicarem realmente à música, a partir de parcerias com ele”. “Vinicius tinha essa generosidade de lançar artistas e de abrir novas frentes, como ele fez com Toquinho, que foi o seu último grande parceiro.”
É também autor de poemas como “Rosa de Hiroshima” e “O Operário em Construção”, que criticam problemas sociais e ganharam notoriedade como formas de protesto.
Boêmio assumido, Vinicius viveu intensamente seus 66 anos. Casou-se nove vezes e teve cinco filhos. Morreu de edema pulmonar aos 67 anos, em 9 de julho de 1980, em sua casa na Gávea.
Em 2010, o governo brasileiro fez uma reparação histórica: promoveu Vinicius a embaixador em homenagem póstuma, após ter sido aposentado compulsoriamente em 1969 pelo regime militar.