Polêmicas

O passeio da força

Paulo Santos

Há poucos dias o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, veio à Paraíba (visitou João Pessoa e Campina Grande). Na Capital, fez périplo digno de maratonista: título de cidadão pessoense na Câmara, comenda no Ministério Público, audiência com o Governador no Palácio da Redenção. Qual o resultado dessa meteórica passagem do auxiliar de Dilma por estas bandas? O Diário Oficial da União desta terça-feira (21) respondeu.

Está lá a autorização para que a Força Nacional envie um punhado de salvadores da pátria para livrar a Paraíba do chamado “crime organizado”. Não ria, por favor, porque o assunto é sério. Mesmo que não pareça. Visto assim, depois de tantas festas para o Ministro e um simples decreto no DOU, há algumas confissões implícitas nessa medida.

A primeira: a situação estava mais grave, na Paraíba, do que a nossa vã filosofia poderia imaginar. São os segredos entre o céu e a terra que não podemos desvendar. A última vez que a Força Nacional foi requisitada, em circunstâncias parecidas, foi em Santa Catarina quando a bandidagem quase tomou o controle do Estado, com assaltos, assassinatos e ônibus sendo incendiados.

A segunda: os responsáveis pela Segurança Pública da Paraíba chegaram à conclusão que não têm condições de dobrar a espinha dorsal do crime e resolveu jogar a toalha ou o boné, como queiram, apesar do esforço hercúleo feito pelas bandas boas e abnegadas das polícias militar e civil.

A terceira: ficaram expostas as deficiências da segurança paraibana que por meses a fio são criticadas por vários setores da sociedade – até o Bispo já espinafrou o fato de todos andarem com medo – e nada acontece, O discurso é o mesmo, não há mudanças nos comandos, não há arejamento de mentalidade.

Novas pílulas serão douradas pelos setores de segurança da Paraíba para justificar a vinda da Força Nacional. Se otimismo e estatísticas de autoridades baixasse os índices de criminalidade a Paraíba seria um oásis. Poderia trocar de nome para Paraíso. E o pior é que a população, diante de tanta insensibilidade, está cansando de reclamar porque não tem quem a ouça e ampare.

Não se sabe quantos homens da Força Nacional vão desembarcar, não se sabe quantos dias (ou semanas ou meses) ficaram “hospedados” na Paraíba, ninguém tem ideia de quanto essa operação custará aos cofres públicos nem se tem certeza de que a vinda desse contingente de soldados será o remédio para todos os males.

O que a Força Nacional fará que as polícias paraibanas não podem fazer? A mudança deve ser apenas a do uniforme. Se a situação estava tão grave (o que acontece no triângulo Alto do Mateus-Bayeux-Santa Rita é coisa para enlouquecer coveiro) por que não se convocou diretamente o Exército? Guerra é guerra.

Espera-se que a passagem da Força Nacional pela Paraíba não seja apenas mais uma ação de perfumaria como foi a passagem do Ministro da Justiça há poucos dias. Talvez queira “limpar” a Paraíba de malfeitores para se mudar definitivamente para cá. Afinal ele já comprou terreno numa praia pessoense. Vai precisar de sossego. Coisa que, por enquanto, não sabemos o que seja.
PAUSA
Vários deputados estão dando pausa na desavenças políticas e apresentando projetos de nível e de interesse público. O deputado Gervásio Maia – que saboreia o sucesso da proibição de sons altos nos ônibus urbanos e intermunicipais – acertou novamente na mosca em defesa do consumidor que for lesado com “gasolina batizada”. Vituriano de Abreu foi no mesmo caminho com a gratuidade da segunda via de documentos perdidos. E Carlos Dunga já apresentou projetos em favor dos diabéticos e na área da segurança.
PBGÁS
A boa conversa entre o governador Ricardo Coutinho e o senador Cássio Cunha Lima, regada a um bom vinho, pode ter rendido o retorno do ex-secretário de Planejamento do Estado, Franklin Araújo, a um cargo de destaque na “máquina” estadual: a presidência da PBGás. A posse, me informa um passarinho, está marcada para terça-feira (28).
PROCONS
Seria melhor que os Procons – de João Pessoa e do Estado – evitassem solenidades onde tivessem que emitir opiniões ou apresentar resultados de suas ações. Dificilmente têm o que dizer para agradar aos ouvidos dos consumidores. O que se viu – e principalmente ouviu – nesta terça-feira (21), na sessão especial da Câmara Municipal de João Pessoa, foi repeteco de sessões anteriores, inclusive na Assembleia.