Nesses próximos dias, até a ejeção final de Dilma do poder, o Senado será bombardeado em seu telhado de vidros. Aliás, o Senado é palco de muitos bombardeios, ora vindos de fora, ora vindos de dentro. Ora praticados pelos próprios senadores.
Os primeiros ataques vêm das explosões comportamentais : travestidos de juízes e réus ao mesmo tempo, muitos senadores negociam a alma de magistrado para salvar a de malfeitores. Oscilam entre a chantagem, a pressão e a venda de votos.
Com esses perfis confusos e incompatíveis entre si, de marginais notórios convertidos a julgadores de ocasião, alguns senadores agora trocam acusações entre si e se apontam como indecentes no grande e luxuriento tribunal de cassação.
A senadora Gleisi Hoffmann, que está com a alma encomendada ao purgatório por causa de deslizes cometidos contra o Erário, bradou em sessão solene que o Senado não tem autoridade moral para cassar Dilma. E perguntou : quem aqui tem autoridade para cassá-la ? Mais da metade dos presentes silenciou.
Esse espetáculo de cinismo e constatação, de realismo constrangedor e de desintegração institucional dos poderes da república, marca o fim do lulopetismo e seu projeto de dominação a qualquer custo, mais ainda a custo moralmente proibido. Mas o show não terminou, vem mais coisa. O que o PT quer não é mais salvar-se, é arrastar seu antigos cúmplices para a vala sepulcral comum. Pode ser, afinal, sua derradeira e grande obra.
Créditos: Gilvan Freire