Polêmicas

O Ilegal e o Imoral

Bruno Filho

Tentando usar de uma frieza digna dos suecos,noruegueses ou dinamarqueses e de uma neutralidade natural dos suiços,escrevo mais este comentário na busca de aprendizado e conhecimento do que é a política paraibana,me parece,”sui-generis” dentro do restante do País.

Nunca conheci nada parecido,como o calor e a volúpia com que se trata dos aspectos políticos deste Estado e a fluência que existe para se falar dos assuntos pertinentes em todas as classes sociais.O poder de opinião, o interesse em dá-las, me surpreende diariamente e aumenta a minha admiração.

Claro que vou escrever sobre os dados publicados sobre os gastos realizados na Granja Santana,local por onde eu passo todos os dias e me chama a atenção pela beleza geográfica. Vou tentar ser sucinto e curioso ao mesmo tempo.Não tenho dados suficientes, mas acredito em tudo que foi publicado pelo Mestre Rubens.Não há questionamento.

O quê há de minha parte é uma sêde de saber o que realmente é ilegal, e o que realmente é imoral…resumindo,o que pode e o que não pode, para usar um linguajar bem afeito aqueles que gostariam de verbalizar e as vezes não conseguem por não terem condições materiais e concretas para isso,não escrevem publicamente e nem falam ao microfone.

Não sei exatamente o valor,gostaria de saber,mas imagino que exista uma verba para que a Casa Civil cuide da Granja Santana.Isso deve incluir compra da alimentação necessária á família que lá reside, que no momento me parece ser de 3 viventes.Entram também as bocas e estômagos de outros viventes do local, ou seja, os empregados.

Isto posto, o dinheiro destinado a isso,que repito não sei quanto é, deve somar-se àquele que será usado para a recepção de convidados,visitantes,enfim para todo tipo de festividades oficiais que lá se realizem, seja café da manhã, almoço,jantar,ceia e quetais.

Dentro dessa verba,independente do valor,os viventes oficiais podem comprar o que quiserem,imagino assim.Se é permitido gastar 1 real supostamente,esse 1 real poderá ser usado para um kilo de picanha ou 10 kilos de acém,desde que seja de forma oficial e pelo prisma da lei.

No banho, se for permitido comprar artigos pertinentes, pode ser um sabonete A sólido ou um sabonete B líquido.Independe do produto, a questão é muito mais ampla, envolve legalidade e moralidade.Não se avalia marcas,se avalia conceitos, aí me parece que existe a mistura das opiniões do povo.

Agora…em frente…os números revelados pelo TCE e publicados pelo Mestre Rubens são absurdamente altos.Não há como entender quase 18 toneladas de carne,quase 30 mil refeições e muito menos num período tão curto.Ainda vem mais coisa por aí,pelo menos é o prometido.

Mais absurdo ainda, são declarações do próprio comandante do Estado atualmente,um inquilino provisório da Granja,referindo-se as prestações de contas como êrro, confusão,ou ainda uma fato isolado e sem importância.Junto com estas seguiram-se as declarações do Secretário,que pioraram as coisas.

O funcionário do Governo e que é pago com o dinheiro público ironiza dizendo que sabonetes ou sais são usados também em outros locais e citou dois dos bairros da Capital.Obviamente que são usados, com o dinheiro de quem compra, fruto do trabalho, e não erário público.Isso é elementar.

Por esse motivo, gostaria de saber o que realmente pode e o quê não pode,parafraseando aquela simpática moça de um programa humorístico.Não estão me interessando marcas ou grifes e nem qualidade A,B,C, ou D dos generos alimentícios e dos produtos de banho.

O que me interessa é conceito, pois eu ficaria triste e desencorajado com os mandantes também, se fossem 17 toneladas da carne barata,ou 30 mil refeições das mais simples possíveis.Há muito de errado em tudo isso, e não cabe discutir as marcas de fraldas ou panos de xixi.

Ficaria bem mais honesto que se tivesse feito isso em todos os governos passados a mesma investigação, mas parece que não foi, então o atual inquilino da Granja passa como o único a ter errado.Talvez não tenha sido.Então para que não pareça perseguição, fica aí mais um aprendizado para as próximas gestões.

Essa deve ser a regra e não a excessão.Assim,não ficará parecendo perseguição e também não servirá de argumento de defesa, que surgem com tanta facilidade na política, quanto as acusações.Linha reta para todos em prol do sofrido povo paraibano.Errou tem que pagar.

Não há “choro nem vela”, sejá lá com filet mignon,picanha,alcatra,acém,músculo,linguiça,salsicha,sal de banho,sabonete líquido,fralda,pano de xixi,cueiro,calcinha,lençóis,esqui para andar na neve,viagens seja lá para onde for,sapato de cromo alemão,chinela rasteira,terno de linho ou roupas de praia.Ilegal ou Imoral, está errado da mesma forma.

O que sei é que os irmãos do Sertão e do Cariri estão trocando comida, que já não tem, por um copo de água,ou seja, trocar a morte pela fome,pela morte com sede.Isso é muito triste,época de Natal.Não me sinto bem, e da minha parte sempre vou lutar pelo correto na Granja Santana ou em qualquer lugar do Planêta.

Bruno Filho,jornalista e radialista,que já viu acontecer isso tudo no local de onde veio e por décadas a fio.

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