O guru do Ricardus I

Rubens Nóbrega

Ricardo I, não. Ricardus I. Assim o amigo Vau rebatizou o reinado que refundou a Paraíba no dia 1º de janeiro do ano da graça de 2011. A nova e bem apropriada denominação foi incorporada pela coluna.
Da mesma forma, associei-me ao esforço de Vau para descobrir quem seria a Eminência Parda do regime, ou seja, aquela figura sinistra que nos bastidores, longe dos holofotes e da plebe rude, manda no governo e faz a cabeça do governante.
Vau acredita mesmo que o Ricardus I tenha esse tipo de mentor. Segundo ele, há de ter um preceptor “todo déspota não esclarecido, todo tirano mal amado, todo czar ou ditador, enfim, indiferente à miséria em que vive a maioria dos seus súditos”.
“Mas, afinal, quem é a Eminência Parda do Ricardus I?”, insiste Vau, ao mesmo tempo em que oferece subsídios históricos à melhor compreensão do significado do epíteto. Para tanto, cita alguns dos mais conhecidos ‘gurus’ de diferentes impérios.
O primeiro lembrado pelo qualificado colaborador é o Cardeal de Richelieu (1585-1642), também chamado de a Eminência Vermelha do reinado de Luis XIII (1610-1643), na França.
Na sequência, Vau cita Rasputim, o lendário bruxo de grande e inegável influência sobre a família imperial russa no auge do czarismo (Nicolau II), no primeiro decênio do século passado.
Em honroso terceiro lugar ele coloca o general Golbery do Couto e Silva, que pontuou como ideólogo da abertura do regime militar, com destacada atuação nos governos Geisel e Figueiredo.
Por último, Vau garante que descolou junto a moradores antigos e amigos que mantém em Piranhas (Alagoas) uma revelação bombástica: o cangaceiro Corisco foi o verdadeiro mestre e guia de Lampião.
Dos elementos fornecidos pelo colaborador, só teria dois acréscimos a fazer. Primeiro, que a verdadeira Eminência Parda, historicamente falando, foi o frade capuchinho francês Père Joseph (1577-1638).
Nascido François Leclerc de Tremolay, ele foi nada menos que o principal conselheiro do Cardeal Richelieu. Ou seja, o cara foi a Eminência Parda da Eminência Vermelha e, portanto, não pode ser esquecido nesse rol.
Segundo, e por fim, não quero desencorajar o estimado Vau, mas é melhor ele desistir dessa ‘busca inútil’, vanzoliniano conselho que dou porque sei que a Eminência Parda do Ricardus I é o próprio Ricardo Coutinho.
Figuração divina
Do amigo Guto, guru de verdade, trago adiante valioso comentário acerca da nota publicada anteontem neste espaço, sob o título ‘Divindade total’, sobre excesso de bajulação e incenso com que setores da imprensa paraibana trataram o senador Cássio Cunha Lima após a vitória de Sua Excelência no Supremo.
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Rubão, o mais altruísta servidor humano a caminhar por estas paragens e que, sem ser político, mudou a face do planeta, foi um simples carpinteiro-pescador.
Bem, caso os súditos, mesmo hipnotizados, tenham gravado bem a fala do new nobilíssimo-excelentíssimo-reverendíssimo senador da Pequenina que enfática e deslumbrantemente declamou, em entrevista ao Polêmica Paraíba (Paraíba FM), que das profissões humanas a mais nobre de todas é a política, não demorarão muito e sairão parafraseando e estampando em seus parabrisas o Gigante da Galiléia, com algo do tipo:
– Dai Deus o que é de Cássio, e a Cássio o que é Deus.
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Sei não, mas, pelo que pude observar, não demorou após o Supremo dar a Cássio o que é de Cássio e a fisionomia e os modos do homem readquiriram traços e expressões do que sempre foram. Mesmo assim aposto como o Doutor Cássio, inteligente como é, vai tirar proveito das lições que o seu prolongado exílio do poder deve ter proporcionado à sua maturidade pessoal e política.
Lições do erro
Do escritor Célio Pezza: “Juscelino Kubitscheck dizia que costumava voltar atrás, pois não tinha compromisso com o erro. Esta frase diz tudo. Errar faz parte de nossa vida e o aprendizado com estes erros aumenta a nossa experiência e nos torna capazes de não cometermos pelo menos o mesmo erro novamente”.
Que tristeza!
Não tive a felicidade de conhecê-la, mas todos que a conheciam me diziam, começando por minha filha Danuta, que Aninha, Ana Carolina Cardoso, era uma menina maravilhosa, do melhor caráter e futuro profissional o mais promissor.
Que ela faça valer agora a sua condição de anjo e do céu mande muita força e fé para que os seus mais queridos possam um dia superar a dor imensa que foi perdê-la tão jovem, tão bonita e ainda tão cheia de vida.