O GRANDE REENCONTRO

Gilvan Freire

Senador / Renuncia                         As únicas pessoas do maranhismo e do cassismo que ainda não sentaram à mesma mesa para tratar de seus interesses políticos na Paraíba são Zé Maranhão e Cássio Cunha Lima, os dois principais antagonistas da ruptura que ocorreu em 1997, quando Ronaldo e Zé acabaram com uma festa de aniversário no Campestre Clube, em Campina Grande, cada um arrastando um monte de cadeiras e uma parte da plateia. O cisma, que já dura 17 anos, dividiu o PMDB em duas bandas e deixou como saldo seis anos de governo a Cássio e dez a Maranhão, tendo Ricardo Coutinho arrebatado quatro, também por causa dessas desavenças. A conta, como se percebe, não fecha exata porque Zé Maranhão tirou praticamente todo o governo de Antonio Mariz, eleito ainda quando o PMDB estava inteiro.

SIM, VENEZIANO TAMBÉM NÃO TEM CONFABULADO COM CÁSSIO, porque as animosidades entre os dois são feridas não curadas, resultantes dos embates dos últimos dez anos em Campina Grande, onde ambos disputam beleza, oratória e voto, além de cabelos e penteados. Mas, Vitalzinho, que é figura ascendente no cenário político nacional, neste ocaso do império feudal Dilma/Lula (devastado pelos gafanhotos petistas e outros insetos adquiridos nas alianças conservadoras espúrias), tem representado o irmão nos encontros quase diários com Cássio no Senado.

 

Mas a temeridade do governo de RC, a desagregação promovida por ele entre os políticos do Estado, a crise de administração e a implantação de um modelo de gestão onde o povo é súdito e obrigado a aguentar chicotadas sem direito à defesa e opinião, está unindo adversários e desafetos com uma velocidade espantosa. O favoritismo de Cássio surge, é verdade, de seu coroamento político nas últimas eleições, mas se consolida também pelo fato de haver feito RC governador, e de ser, neste instante, o único líder capaz de ejetá-lo da cadeira onde senta de forma imperial, no palácio acostumado a resolver conflitos sociais, e não criá-los – lugar onde gente humilde podia entrar sem sobroço ou desassossego, e habitat das humanidades, e não das desumanidades dos governantes.

 

SE CÁSSIO PARECE SER AGORA O DESAGUADOURO NATURAL DO SENTIMENTO DE REVOLTA DA MAIOR PARTE DA POPULAÇÃO E DA QUASE TOTALIDADE DO SEGMENTO POLÍTICO, o próprio povo está querendo oferecer fórmulas para abreviar o processo de disputa eleitoral e garantir a Cássio sua eleição antecipada com vista ao primeiro turno. Para que isso aconteça com brevidade, eleitores e seus líderes agem, neste momento, propondo e costurando acordos que até pouco tempo pareciam impossíveis, e as lideranças de maior grandeza no espectro político estadual fazem uma verdadeira corrida para chegar cedo perto de Cássio e amealhar um lugar em sua chapa, ainda quando tenham com ele questões mal resolvidas anteriormente.

 

De fato, para eleger Cássio governador tudo parece compreensível e aceitável, até mesmo Maranhão e Cássio se unirem ainda no primeiro turno, pois Vitalzinho age há tempos pensando numa pacificação com o fim de resgatar para Campina Grande o governo do Estado, que a cidade teve com Cássio e Ronaldo, antes com Argemiro de Figueiredo e Pedro Gondim – o pai de Nilda, sogro de Vital do Rêgo e avô de dois meninos prodígios da política campinense por ascendência. O entendimento entre Cássio e o PMDB e seus líderes tem pequenos problemas na geopolítica interiorana, mas caminha a passos céleres. Como ficam Veneziano e Zé Maranhão? Na segunda-feira especularemos.