O governo e as Torres de Babel

Amadeu Robson Cordeiro

Lembro que durante uma aula no curso primário a professora falou da Torre de Babel. Antes, tinha contado a história do Dilúvio, uma maravilha que me obrigou a imaginar todos aqueles passageiros, aos pares, dentro daquele enorme barco zoológico. Disse-nos que era a segunda e última vez que Deus dava oportunidade ao homem de nascer e tornar-se limpo. Não dei grande importância a este pormenor, devia estar além do meu entendimento, preferia imaginar todos aqueles animais fechados à espera de as águas descerem. Claro que ainda a interroguei para onde foi tanta água, mas fez de conta que não me ouviu, e eu não me importei.

Mas tarde conclui que Noé tinha sido o pai de uma nova humanidade, falhada. Mas a história da construção da Torre de Babel estava ligada ao desejo do Homem querer alcançar o Céu e pôr-se em pé de igualdade com Deus. Mas, o nosso Rei aqui na terrinha paraibana acredita que com sua mídia oficial poderá até superá-lo. Assim, voltando à história, iam construindo andar sobre andar, e eu conseguia imaginar os trabalhadores a assentarem tijolos e a torre a subir, a subir, esperando que chegassem ao Céu. “É desta vez que vou saber quem é Deus”, pensei todo feliz da vida, porque, naturalmente, ainda não conhecia o final da história. Já tinha colocado tantos andares uns em cima dos outros e até atravessado as nuvens, quando a professora disse: – Deus não achou bom o desejo dos homens em igualá-lo, uma falta de respeito. Logicamente que fiquei aborrecido porque esperava a tão ansiosa revelação.

Hoje, já adulto, vejo que na Paraíba existe um governo que achando pouca à patente de Rei quer se tornar o maior dos deuses, criando ilusões ao povo de que nos quatro cantos está construindo Torres de Babel a granel. Deus não gostou daquela idéia. O nosso Rei atual com um peteleco de sua caneta mont blan, mas com tinta de esferográfica bic, faz a discórdia. Todos falam em línguas diferentes e ninguém se entende.

A seqüência de fatos e de acontecimentos que tem marcado o atual governo suscita a população a uma reflexão sobre a realidade em que vive com a atual gestão perdida, que tenta conquistar o impossível ou quase isso; buscando rompera a barreira da insatisfação e se apresentar como um governo de realizações dele… tão somente dele. Lembre governador, as obras são do povo, portanto, também é minha.

Na verdade, a esdrúxula empreitada das Torres de Babel do século XXI é a de ludibriar ou tentar fazer isso bem na cara do povo em ano eleitoral, querendo demonstrar uma competência que não tem, ainda que acredite que se cerque dos melhores burocratas. Pergunto: O que este governo fez de verdade e de bom, sem mentiras, com o servidor público? A orfandade é latente e quem de direito se cala, infelizmente.

Afora os estragos de “construções ou usurpações” e Torres de Babel raquíticas, creio que mesmo leigas em Medicina, algumas pessoas poderiam apostar no achismo e dizer que o governo pode estar sob o risco da denominada “baixa imunidade”, ou seja, sujeito a qualquer tipo de enfermidade. O caso da Cruz Vermelha do Trauma pode ter inoculado o governo Estadual com algum tipo de vírus ou bactéria, causando uma grave lesão no sistema imunológico e desde então, tudo o que é de mal acontece no nosso Estado, o que nos remete a todos um novo bordão de que, “nunca antes na história da Paraíba aconteceu algo de tão ruim assim”. Não sou de todo pessimista, creio que o governador ainda pode descer do alto da tua Torre e por os pés no chão de terra de todo vivente, assim, terei motivos suficientes para fazer crônicas em seu favor.