Os primeiros embates entre defensores do atual governo e seus opositores, mostram, sem sombra de dúvidas, um descompasso na estratégia de enfrentamento adotada pelos que compõem o time do governador.
Parece um “samba do criôlo doido”. Ninguém se entende no governo, os passos são equivocados, as ações pouco conseqüentes e os desgastes se avolumando a cada dia.
Em janeiro, o governo bradou aos quatros cantos do estado que estava recebendo um “rombo” que chegava a algo em torno de 1 bilhão e 300 milhões de reais. Segundo eles, a situação seria de quase ingovernabilidade e que o cinto deveria ser apertado ao máximo e que não existia dinheiro para absolutamente nada.
Com isso, milhares de servidores foram demitidos sumariamente, fornecedores levaram “calote”, gratificações foram canceladas, contratos previamente celebrados foram anulados. No discurso do novo governo, a situação era de um verdadeiro caos. No embalo, sobrou até para os outros poderes – legislativo e judiciário, que também tiveram cortes drásticos nos seus recursos repassados pelo executivo.
Acontece que as atitudes do governo não conseguiram convencer a grande maioria da população paraibana. As contradições foram mais fortes. Apesar do discurso de “crise” anunciada, milhares de servidores foram contratados pelo estado, para ocupar os postos dos demitidos, além de outros mais de 6 mil comissionados que foram nomeados através do Diário Oficial.
Hoje, após a divulgação do relatório de gestão fiscal, relativo ao exercício de 2010, o governo, ao que parece, fica em maus lençóis. E números são números e não há como contestar.
Parece que o “rombo” não existe, o desenho não é como o governo tentou pintar e o fato pode enfraquecer a linha de ação da equipe governista neste episódio e nos próximos embates.
E Maranhão usou exatamente a fragilidade criada pelo governo e no momento certo
disse o que muita gente queria ouvir. Disse que os números mostram que o estado não estava quebrado, usou o próprio balancete do ano passado para fortalecer seus argumentos e deixou o governador e seus secretários brigando com a matemática.
Confusão feita e a dúvida instalada é péssima para o governo, porque a população pode começar a duvidar de uma série de informações levadas à público pelo Palácio da Redenção. Ou seja, Maranhão e sua tropa jogaram pra galera e podem capitalizar
positivamente, graças à desarticulação interna do governo e do seu pelotão de choque.
Nilvan Ferreira