O gestor - Rubens Nóbrega

Parece não haver mais dúvidas quanto à possibilidade de o governador Ricardo Coutinho expandir o milionário esquema de terceirização dos serviços públicos de saúde do Estado. O próprio governante já admite publicamente que ‘nada impede’ tal expansão, conforme li ontem na coluna do jornalista Arimatéa Souza, deste jornal.

A dúvida é saber quais e quantos outros hospitais, além do Trauma da capital, seriam entregues a mesma Cruz ou a outra organização interessada em assumir uma obrigação de Estado que os pobres mortais supunham intransferível. Outra dúvida: os novos terceirizados serão geridos pelo mesmo ‘gestor’ que sua majestade trouxe para o HT?

Refiro-me ao doutor Edmon Gomes, que hoje manda no Trauma tanto quanto mandava há menos de dois anos na Unimed Caxias, na Baixada Fluminense (RJ). Ele era o presidente daquela cooperativa, que sob sua gestão foi à falência e acabou incorporada à Unimed da capital carioca.

A falência da Unimed Caxias arruinou também a reputação de Edmon, pois sobre ele pesam acusações de ser o principal responsável por um golpe de R$ 40 milhões que resultou, inclusive, no bloqueio dos seus bens. Bloqueio determinado pela Justiça. É bom deixar claro.

Acredito que tais referências deveriam ser suficientes para nenhum governante entregar sequer um posto de vacinação aos cuidados do Doutor Edmon, quanto mais um hospital da complexidade e importância de um Trauma como o nosso. Mas é possível que o nosso governador não tivesse conhecimento dessas coisas quando resolveu contratá-lo. Mas é possível também que o médico carioca tenha sido contratado justamente por conta dos seus supostos predicados.


Bem, para tentar esclarecer o assunto – e sempre concedendo o benefício da dúvida ao contratante – perguntei ontem ao governador se ele conhece bem o seu contratado. Perguntei através de i-meio, mandando a mensagem que reproduzo adiante e que seguiu com cópia para o secretário de Comunicação Social do Estado e também para a Assessoria de Comunicação do Hospital de Trauma da Capital.
Enviei para a Ascom do Trauma para deixar bem patente a vontade e o dever de ouvir e dar voz ao outro lado. Mais: liguei para o Trauma pela manhã para falar com o Doutor Edmon e uma secretária da Direção me informou que ele estava em reunião com outro diretor. Deixei avisado que remetera pra lá cópia do i-meio dirigido ao governador e pedi que o gestor, se assim o quisesse, assim que pudesse, abrisse, lesse e me respondesse também por i-meio.
Esperei algum retorno, mas nada recebi até sete da noite dessa sexta (2). Sendo assim, resta-me publicizar as minhas indagações, que expressam também necessidade de outras informações, essas referentes à atuação da esposa do Doutor Edmon no Trauma, para o qual teria sido contratada pelo próprio esposo. Confiram.

Senhor governador,

O senhor sabia que o gestor do Trauma-JP, Edmon Gomes, é apontado como o principal responsável por um rombo de R$ 40 milhões que levou a Unimed Caxias (RJ) à falência e por essas e outras teve os bens dele bloqueados pela Justiça?
O senhor sabia também que a Doutora Sônia Maria Gomes Garcia, esposa do Doutor Edmon, também teve o nome envolvido no que chamam de ‘golpes’ contra a Unimed Caxias e hoje essa senhora trabalharia no Trauma, contratada pelo esposo?
Mas o senhor sabia que o suposto nepotismo não seria o principal problema dessa contratação, mas, sim, ingerências do tipo dar alta a paciente fora da especialidade da Doutora, sem contar que a alta teria recomendação em contrário do(s) especialista(s) que atendia(m) a(o) paciente?
Se o senhor não sabia nada disso quando trouxe o Doutor Edmon para gerir o Trauma e se quiser conhecer mais sobre o ‘gestor’ e o casal, recomendo abrir o link http://jornalpopularonline.files.wordpress.com/2010/09/jornal_popular_10.pdf e dar uma olhada na matéria intitulada ‘Golpe de milhões causou falência’ (chamada de primeira página para as matérias internas intituladas ‘Rombo na Unimed Caxias supera os R$ 40 milhões’ e ‘Presidente da Cooperativa é investigado por formação de quadrilha e estelionato’, que se referem expressamente à atuação do Doutor Edmon nesses episódios).
Senhor governador, estou encaminhando esta mensagem em cópia para o secretário Nonato Bandeira (Comunicação Social), para a própria Secom ([email protected]) e também para a Assessoria de Comunicação do HT ([email protected]), esta última na expectativa de que o Doutor Edmon e sua esposa possam tomar conhecimento deste conteúdo e oferecer os esclarecimentos ou desmentidos que julgarem necessários.
Rubens Nóbrega, colunista do Jornal da Paraíba.

 

O POVO QUER SABER

E aí, prefeito Luciano Agra, por que o senhor não autoriza a construção do Holanda Shopping, também em Mangabeira, que não quer nada do que é público, tem seu próprio terreno, é um investimento quatro ou cinco vezes maior do que o Mangabeira Shopping, mas está ‘na gaveta’ desde 2006?