Presidente do Supremo cogita disputar Planalto

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Segundo revelações do jornalista Maurício Dias na revista “CartaCapital”, cresce no Supremo Tribunal Federal o sentimento de que o ministro Joaquim Barbosa, presidente da Corte, está contaminado pela mosca azul da política e deixará o cargo antes dos dois anos legais, provavelmente para concorrer à presidência da República. A “contaminação” cresceu desde que a pesquisa Datafolha apontou que ele obteve 15% das intenções de voto para presidente. Um percentual considerado alentador. Joaquim tem um longo tempo para decidir. Pela função que ocupa, poderá tomar decisão até abril de 2014. Nesse período, ficará de olho nos resultados das pesquisas.

“JB agora é presença obrigatória nas pesquisas”, acrescenta o jornalista, ponderando que outro problema de Barbosa diz respeito à sua opção partidária. “Não por acaso, o magistrado defende a candidatura avulsa. Por esse caminho, porém, está fadado a optar por um desses partidos que publicamente menospreza. No entanto, caso se aproxime de um deles, poderá se enfraquecer aos olhos daquele eleitor que hipocritamente despreza a política. Uma situação similar à que ocorre com o Super-Homem perto de kriptonita verde”, adianta Maurício Dias. O presidente do Supremo adquiriu notoriedade e prestígio quando conduziu o julgamento da Ação Penal 470, o chamado processo do mensalão, envolvendo parlamentares petistas e de outros partidos que teriam se beneficiado de um processo de arrecadação de recursos ilegais em campanhas eleitorais.

Ele chegou a saborear momentos da popularidade alcançada em meio às sucessivas transmissões, pela TV, das sessões do Supremo, nas quais agiu de forma técnica e imparcial, não obstante tivesse sido indicado para a vaga no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A comunicação da sua indicação para o posto lhe foi feita pelo ex-ministro da Chefe da Casa Civil, José Dirceu, que Barbosa acabou condenando em seu relatório, com base, conforme ele, em indícios inequívocos de que Dirceu seria uma espécie de líder do grupo que se beneficiou de dinheiro arrecadado via caixa dois. A virtual candidatura de Joaquim ao Planalto é bafejada pela queda nos índices de popularidade da presidente Dilma Rousseff, teoricamente candidata à reeleição em 2014 pelo PT.

De acordo com a revista “Veja”, o jornalista Franklin Martins, mais novo consultor de Dilma Rousseff, apontou o que considera ser a principal ameaça à sua reeleição: exatamente o presidente do Supremo Tribunal Federal. Para Franklin, por haver comandado o julgamento do mensalão e não ter histórico partidário, Barbosa, se resolver sair candidato, tem potencial para conquistar os descontentes com o governo. “Para desgastar essa imagem – revela o colunista Otávio Cabral, de “Veja” – Franklin quer mostrar que o presidente do Supremo é igual aos políticos. Sites e “blogs” amigos do governo foram escalados para vasculhar a vida do presidente do STF, incluindo seus hábitos e suas despesas. Por sua vez, em ampla reportagem, a “Folha de São Paulo” apresenta como consumado o esfriamento de relações entre a presidente Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A convivência teria se agravado em meio aos protestos de rua e nas redes sociais contra atitudes do governo, que o próprio Lula criticou. O ex-presidente também faz restrições ao estilo de Dilma de se relacionar com os congressistas, considerando-o autoritário e complicado para a manutenção da chamada governabilidade. Nos bastidores do PT, cresce a onda para que Lula seja candidato mais uma vez a presidente da República, hipótese que ele já descartou em sucessivas declarações à imprensa.

Repórter PB