O Espaço pede socorro

Rubens Nóbrega

O Governo do Estado precisa urgentemente socorrer o Espaço Cultural de João Pessoa, antes que ele acabe ou desabe. O outrora ‘Colosso de Tambauzinho’ está se transformando num problema colossal para seus dirigentes, servidores e, sobretudo, usuários.
Pra vocês terem uma ideia, há poucos dias estourou uma tubulação que inundou espaços onde crianças aprendiam música e canto coral. Foi um Deus nos acuda, diante dos temores de que algo viesse abaixo ou alguém fosse eletrocutado.
Ah, enquanto a água jorrava com força para dentro de salas, funcionários do Espaço, revoltados, pediam aos circunstantes que filmassem a ‘tragédia’ do dia. Alguém filmou e mandou pra esse colunista, sob legenda da indignação.
Outro regular frequentador do Espaço ligou-me anteontem para falar de sanitários interditados e os disponíveis, imprestáveis. “Outro dia fui forçado a entrar em um… Meu Deus! Aquilo não existe. Nem as piores latrinas federiam daquele jeito”, relatou-me.
Contou-me ainda da pena que teve de um cidadão em apuros para achar um banheiro, a julgar pela carreira com que entrou em um que a minha fonte sabia ser tão imunda quanto a cloaca que fora obrigado a usar em outra oportunidade.
Tudo isso e mais um pouco acontece porque o Governo do Estado, sob a atual direção, parece se lixar para qualquer tipo de manutenção do patrimônio do povo paraibano que encontrou pronto.
O negócio é tocar obras que recebeu de bandeja e inventar outras.
Reforma tipo Jack, o estripador

O Governo do Estado anunciou para este ano uma reforma no Espaço Cultural, mas certamente o serviço não tem aquela prioridade que é dada a um Centro de Convenções, por exemplo.
Com o tratamento e a atenção que lhe são dispensados, o Espaço perdeu a capacidade de render imagem para o governante ou servir de palco para encenações de campanha eleitoral, feito a ‘inauguração’ do galpão de exposições do CC.
Sob a lógica com que trabalha a administração estadual, evidente que a recuperação do Espaço Cultural tem a mesma importância de uma estrada velha cheia de buracos.
O governo cuida das obras novas e faz o remendo ou tapa-buraco nas velhas. Quando der e puder. Ou, então, promete uma reforma “por partes”, como essa do Espaço, que estaria para começar pelo teto para depois descer às precárias instalações e surrada mobília do Teatro Paulo Pontes.
De qualquer forma e sorte, enquanto a reforma não vem, do lado de cá, na planície dos mortais, com a ajuda das pessoas do bem, dos bons cidadãos, a gente vai levando, como diz a canção, mas também cobrando, aporrinhando e denunciando o que é preciso denunciar, que é pra ver se eles (que estão no poder) se tocam.
Policiais perseguidos e transferidos

Recebi esta semana, via Twitter, denúncia segundo a qual “por pura perseguição política” dois policiais (PMs, presumidamente) destacados no Litoral Norte foram transferidos para o Sertão paraibano. Um foi mandado pra Cajazeiras, o outro para a cidade de Patos.
Além do absurdo que é a ocorrência de perseguição política numa corporação militar, até onde sei o ato representa gravíssima ilegalidade, porque estamos em pleno período eleitoral e nele é expressamente vedada a remoção de servidores públicos.
A transferência, que segundo a denúncia atingiu os policiais Ricardo Marques e Carlos Dutra, foi objeto de matéria publicada no último dia 5 no portal Tribuna do Litoral e alvo de protestos da Associação dos Moradores de Rio Tinto.
Marques atuava em Rio Tinto e foi transferido para Cajazeiras. Dutra, por sua vez, lotado em Baía da Traição, foi removido para Patos. “Ambos são pais de família, com três filhos cada um”, informa o Tribuna do Litoral.
Pelo menos um vereador de Rio Tinto, Marcos Moura (PTB), solidarizou-se com os policiais e um abaixo-assinado correu pela cidade, coletando mais de mil assinaturas de cidadãos que pediram a revogação da medida.
Bem, pra muita gente que mora na Capital algo assim pode parecer de somenos e até corriqueiro, mas se trata verdadeiramente de uma arbitrariedade cometida por algum poderoso, merecedora de todo o repúdio e preocupação.
Não há como não se preocupar com o acúmulo de abusos e absurdos praticados no atual governo contra servidores, principalmente aqueles que a gente costuma chamar de humildes, até para diferenciá-los dos aspones e marajás que privam da intimidade, benesses e bênçãos do poder.
Evidente que procurei e pedi explicações do governo antes de escrever sobre o assunto, antes de reproduzir aqui mais uma lamentável denúncia contra essa lastimável gestão.
Pra variar, não obtive qualquer resposta oficial, apesar de ter avisado pelo Twitter ao governador e ao comandante-geral da PM que estaria solicitando – como solicitei por i-meio – informações e esclarecimentos sobre o caso.