O "Clã" dos Fittipaldi

Bruno Filho

Não gosto muito de Formula 1,aliás não acho nem que seja esporte, mas é opinião pessoal apenas.E nesse clima de ser do contra,o que não é verdade,quero contar um pouco as histórias que vivi nesse espetáculo  que acompanhou a minha vida pessoal e profissional.
Deixo claro que o melhor piloto que vi na minha vida foi Nelson Piquet, o melhor “acertador” de carros de todo o “circo” e por muitos anos,mas reconheço que Ayrton Senna foi mais corajoso,destemido,e principalmente o mais simpático e educado.Seria mais ou menos assim: Senna serviria para ser seu gênro,Piquet seria o amante de sua filha.Mal visto.
Mas, como o assunto é outro, vou de Emerson Fittipaldi,o extraordinário “Rato”, um cavalheiro,um “gentleman” e o precursor de tudo isso.Graças a Emerson chegamos aonde chegamos,somos protagonistas todos os anos da última prova da temporada e adquirimos patrocínios milionários.
Vou mais longe e lembro de Wilson Fittipaldi, o pai, o velho “Barão”.Conhecedor de automóveis e motocicletas como ninguém,cavalheiro acima de tudo e amigo.Amigo do meu querido pai,trabalharam juntos durante 40 anos na Panamericana e Record,viajaram juntos,famílias amigas demais.
Mamãe e Dona Josi e as intermináveis conversas regadas a café e dos bons.E foi através do “Barão” que fui ao meu primeiro Grande Prêmio,no ano de 75.Eu tinha apenas 18 anos e apesar de já ter entrado em Interlagos,nunca tinha visto uma corrida de Formula 1.E aconselho…você que nunca viu, faça um esforço e veja.É inesquecível.
Naquele ano,um piloto desconhecido do mundo conquistou a vitória,José Carlos Pace,o “Moco”, nosso terceiro nome da época ganhou a sua única prova na vida e com uma Brabham, deixando Emerson na segunda colocação.Festa brasileira no pódio, e lembranças do início de minha carreira de jornalista.
Trabalhava na época no jornal A Gazeta Esportiva, um “foquinha” assumido, mas ao ser visto, meu diretor Olimpio da Silva e Sá determinou que eu fosse ajudar os reporteres que faziam a cobertura da prova.E lá fui eu, todo pomposo para os boxes.Um luxo.
Depois disso, vi mais algumas outras provas, nunca a trabalho, sempre como diversão, mas aquela nunca esqueci.E o “Clã” Fittipaldi frutificou, do “Barão” vieram Emerson e Wilson, de Wilson veio Christian, e agora aparece Pietro, neto do Bi-campeão e bisneto do “Barão”.
Além se ser o codinome do automobilismo brasileiro, esta família é o codinome da gentileza,da educação, do cavalheirismo e do brasilianismo.Mesmo pelo mundo afora, nunca foram alvo de qualquer senão que seja, são recebidos por presidentes,reis e pela sociedade sempre com distinção.
Fico feliz ao saber que o velho “Barão” aos 92 anos ainda está vivo.Que alegria ! Uma pena que o meu “Rei” já se foi há muito tempo.Ele não gostava muito de automobilismo também, assim como eu.Gostava mesmo é da vida, e gostava de ter amigos, os Fittipaldi eram alguns deles.
Bruno Filho,jornalista e radialista,que lembra do cheiro de gasolina e até da roupa que usou no dia.
Twitter: BrunoFComenta