O caso de amor e ódio de Marcela

Rubens Nóbrega

Há mais de 25 anos vivo um caso amoroso, uma relação conflituosa, de amor e ódio. Já apanhei muito, algumas vezes denunciei as agressões em vários níveis.

Imaginem se alguém quer ouvir lamentações, principalmente de mulher. As autoridades estavam tão envolvidas e comprometidas com outros interesses que preferiram fazer ouvidos de mercador aos apelos.

E os colegas? Ah! Também nunca puderam ou quiseram interferir diretamente. Afinal, a escolha foi minha. Sutilmente, alguns até manifestaram solidariedade, achavam tudo muito absurdo, mas nada de testemunhar. Havia uma cumplicidade e aconselhavam paciência. Natural. Tinham também algum tipo de dependência psicológica ou financeira, assim como eu.

Não sei se teve alguma dose de ingenuidade ao envolver-me com ele. No início, houve um encantamento mútuo; depois, vieram as decepções. O certo é que, apesar de tudo, continuo insistindo na relação, como se tivesse perdido o domínio sobre o meu querer. Ele ficou nas minhas entranhas, uma espécie de vício, difícil de largar.

Verdadeiramente falando, pensei que um dia ele pudesse mudar ou voltar a ser o que era nos tempos de universidade, quando acreditei que, juntos, poderíamos mudar o mundo, com uma sociedade mais justa e democrática. Foram tantos planos…

Mas aí as coisas começaram a desandar entre nós, ao enxergar nele umas atitudes suspeitas, perniciosas, principalmente com quem estava no poder. Das vezes que me atrevi a questioná-lo, sofri represálias, ele entendia minhas indagações como audácia ou enfrentamento.

Foi a insubordinação que provocou uma espécie de ruptura entre nossos objetivos e as sucessivas crises de relacionamento entre mim e ele, o jornalismo.

Dizem que Deus criou o homem porque gostava de histórias. Essa é a minha.

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O belíssimo e criativo texto que vocês acabaram de ler é da jornalista Marcela Sitônio, publicado originalmente no facebook da autora. Ela me autorizou republicá-lo, algo que faço como presente à inteligência e sensibilidade dos leitores.

Outros feitos campinenses

Domingo passado expus aqui alguns exemplos do ‘verdadeiro espírito campinense’, tema que inspirou o Professor e jornalista Arael Costa a aumentar o rosário de feitos do povo da Vila Nova da Rainha, na forma como segue.

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Tomo a liberdade de incluir em sua lista de duplicidades competitivas (João Pessoa X Campina Grande) o estádio Amigão. Originalmente, previa-se apenas a construção do Almeidão, ou seja, o Estádio José Américo de Almeida Filho, homenagem ao grande responsável pela época de ouro do futebol paraibano.

Não vamos esquecer também em Campina conquistas ou realizações como o primeiro grande computador que se instalou na Paraíba, na então Escola Politécnica, da UFPB, que com seu curso de Eletricidade e o trabalho da Escola Redentorista, formando técnicos de nível médio de boa qualificação nesta área, chegou a ser considerada, em determinada época, quase uma escola de formação de graduados especialistas (sargentos e suboficiais) das nossas Forças Armadas.

As duas instituições foram a base do polo eletroeletrônico que tanto orgulha a cidade e toda a Paraíba, hoje. Além disso, temos lá o Museu de Artes e a Bolsa de Mercadorias, dentre outras proezas de um povo que ama verdadeiramente a sua terra e não se cansa de exaltá-la, enquanto luta por inovações e pioneirismos que se fizeram marcas do ‘verdadeiro espírito campinense’.

O Guarani no Jacaré

(De Hélder Alexandre)

É lindo o pôr-do-sol na praia do Jacaré. Há anos virou atração assisti-lo ao som do famoso bolero de Maurice Ravel. No período de alta não tem para quem quer. Mas, passado o verão, o movimento cai. Tava pensando. Falta atração. Uma programação cultural e artística permanente que mantivesse o interesse dos nativos em direção àquele recanto de extrema beleza. Um calendário a ser estabelecido pela Secretaria de Turismo de Cabedelo, por exemplo, ou mesmo pelo Estado. Na negativa deles, os proprietários de restaurante e lojinhas adjacentes, principais beneficiários.

Sou apaixonado por violino desde a época do Travessia. Até hoje não desisti de tentar aprender a tocar.

Só não acho um professor. Agora há pouco, o Engenheiro Marcelo Cerqueira me gravou uma coletânea de músicas clássicas e incluiu no repertório a brasileiríssima “O Guarani”, de Carlos Gomes. Ainda criança ouvia tocar no começo da noite (acho que na abertura da Voz do Brasil que Seu Walter Acioly, meu pai, assistia no rádio quando chegava do expediente no D.E.R.). Linda peça alternando movimentos de profunda calma e relaxamento com outros de entusiasmo apoteótico.

Entendo muito pouco de música. Só sei apreciar e sentir a sua beleza. Mas penso que com um arranjo bem feito poderia empolgar tanto ou muito mais do que o já tradicional bolero do francês. Com a vantagem de poder divulgar ao povo nativo a beleza de uma obra genuinamente nossa. Uma obra clássica para servir com cachaça e caranguejo aos gringos que nos visitam e que já nasceram ouvindo o bolero de Ravel.

“O Guarani” em terra tabajara. Quer algo mais autêntico e original do que isto?