Marcos Tavares

Satanás, o cão, o sei-lá-que-diga, o tinhoso anda em plena alta temporada, revivido e redesenhado para o nosso tempo. De Edir Macedo ao Apóstolo Valdomiro, o boiadeiro, o cão tem crescido muito de prestígio e os notívagos devem ver nas horas tardias a legião de demônios que esses homens santos exorcizam. É cão de dar com o pau, muito mais cão do que na temporada de caça às bruxas da Europa que queimou centenas de mulheres e gatos.
Vem agora o nosso franciscano Papa Francisco e nos adverte que, pela visão católica, o bicho de chifre anda solto também. Ele nos previne contra os falsos pastores e as falsas promessas e chega a admitir que até o seio da Santa Madre Igreja está contaminado pela presença diabólica. Que o cão existe ninguém duvida. Basta assistir qualquer um desses noticiários policiais e a gente descobre que ele está em plena atividade e conseguindo almas incontáveis para seu redil.

O problema é essa superexposição midiática do demônio. Antes ele era conhecido pelos seus subterfúgios, sua luta silenciosa, mas hoje pastores e até o Papa escancaram a presença desse inominado ser na nossa vida. Seria um sinal do fim dos tempos ou trata-se da evolução natural do demônio? Seja como for eu acho que os demônios interiores – esses sim silenciosos – são mais nocivos e fazem mais mal, pois dele não nos livramos nem no sono, quando eles nos enchem de pesadelos.


Dúvida

Dúvida é sempre uma coisa ruim e incômoda, mas no caso do senador Cássio Cunha Lima ela lhe é favorável. A dúvida criada pela possibilidade ou não de Cássio poder ser candidato ao Governo da Paraíba no próximo ano tem lhe sido benfazeja.

Com isso Cássio pode adiar indefinidamente qualquer compromisso de manutenção da aliança com o governador Ricardo Coutinho ou de uma candidatura própria.
E nesse diapasão, Cássio deixa sempre sua sombra pairando sobre o Palácio da Redenção enquanto manobra por outros canais para tornar viável sua vida política.
E ninguém pode chamá-lo de indeciso.


Tempo

Muito lento o nosso governo ao identificar problemas com seus parceiros. Contrato assinado em 2012 com a organização Fibra para administrar um hospital em Patos foi desfeito somente agora depois que se detectou falsidade ideológica na documentação apresentada pela empresa.
Só que nesse tempo ela mandou e desmandou num hospital público. O mais correto seria ser mais cuidadoso na escolha de parcerias.
Afinal, cautela e caldo de galinha não ofendem ninguém.
Porto

Finalmente o ex-prefeito Agra decide-se e procura um porto seguro no PEN, legenda comandada pelo presidente da AL, deputado Ricardo Marcelo.
Como Marcelo não tem pretensões governamentais, o caminho está livre para Agra, que oficialmente torna-se adversário político de Coutinho.


Acomodados

A militância de Agra não anda satisfeita com o gelo que ele vem recebendo da atual administração municipal.
Mas como é o único porto seguro que muitos têm para trabalhar, aguardam em obsequioso silêncio o desenrolar dos acontecimentos.

Nativo
Vejam o grau de civilização que alcançaram nossos silvícolas.
Polícia descobre que um índio de Baía da Traição chefiava uma quadrilha de assaltos a bancos.

Para Fora
Uma lição para o nosso governo. Autoridades de Angola proíbem as igrejas pentecostais brasileiras de atuar em seu território.
A Justiça angolana considerou que a cobrança de dízimos era ilegal.

Da China
Vez em quando a gente tem um delírio grave. Isso já trouxe fábricas de helicópteros para a Paraíba, indústrias russas de aviões.
A onda da vez são empresários chineses do ramo da biomedicina.

Bolsa
Minha sugestão para o combate à violência: a criação da Bolsa Assalto.
Mensalmente o ladrão iria ao banco e recebia sua quantia em vez de diariamente como aqui na Paraíba.

 

Frases…

Doçura – A vida é doce. Azar o seu se é diabético.
Docilidade – Nunca reaja a assaltos. Nem os da Receita Federal.
Dominical – Aceite as segundas como uma antecipação de seu castigo.