O bem-aventurado Chico

Marcos Tavares

Ainda não é o velho Chico com suas águas mansas. É o Chico cardinalesco, papal, Francisco I que chega ao Brasil. Claro que não chegará para nós filhos da seca que temos de nos contentar com o Padrinho Ciço e o Santo Conselheiro, mas a grandeza do novo pontífice com certeza se refletirá também por esta terra seca de água e de milagres. Somos laicos no papel, mas temos dentro de cada um a chama do catolicismo, mesmo imposto pela espada, do candomblé marcado a chicotadas em nossas costas e dos deuses indígenas despojadas que foram de suas matas e rios, e nesse caldeirão religioso temos a grandeza de entender quando um homem de Deus chega.

O país teme Francisco, não pela sua violência, mas pela sua doçura. Chico disse que os jovens devem protestar, reivindicar, reclamar, e isso assusta até nossa vigilante Abin, que queima os miolos para evitar que manifestações possam coincidir com os compromissos papais, temendo que ele talvez santifique com sua opinião esses protestos. Não há de ser nada. O Brasil é grande, tão grande que cabe Francisco com sua missão evangelizadora e nossos jovens com sua impaciência cívica a gritar por um país melhor, por mais futuro numa terra que tem apenas quinhentos anos de história.

Que venha Chico e derrame sobre nós um pouco de sua sabedoria, que dignifique a pobreza não como voto, mas como condição humana, que descalce as sandálias dos nossos mais poderosos indicando-lhes a rota da humildade. Chico, que renunciou a pompas e circunstâncias para estar mais perto do povo, pode mostrar aos políticos e gestores que o caminho sem o povo é longo e perigoso. Se fizer isso já basta. Essa terra já tão merecedora de bênçãos como seu povo sem ódios raciais e religiosos já foi bafejada por Deus. Resta-nos apenas encontrar nosso caminho entre os homens e é essa lição que o papa Francisco nos pode dar.

Dilema

Além de todos os problemas causados pelo povo nas ruas, Dilma vive pessoalmente um dilema maior. Qualquer outro presidente já teria usado instrumentos mais duros para fazer retornar a normalidade, como leis que dessem mais poder às forças de segurança.

Mas Dilma, eleita como musa da esquerda, ex-militante armada da subversão, não tem condições morais nem políticas de invocar o poder militar, o que seria atestar a falência do controle civil.

Assim, ela vai levando como pode essa crise que ameaça tornar-se cada vez mais violenta e começa a causar estragos sensíveis à economia nacional. O problema é até quando.

Santificados

Os recentes episódios de extrema violência no Rio de Janeiro com assaltos, arrastões e agressões a cidadãos comuns deixa a ABIN tonta.

Amanhã o papa Francisco estará chegando ao Rio e não será nada agradável para o Brasil que a imprensa internacional mostre o papa entre bombas de efeito moral e gás lacrimogênio.

Urge, portanto, decapitar as lideranças dessas facções bandidas que aproveitam o movimento popular para ir à rua vandalizar e roubar.

Renúncia

Governo anuncia renúncia fiscal para empresas que se disponham a vir construir ou consertar estádios de futebol.

Essa renúncia – que prejudica o Estado – não ficaria melhor na saúde ou na educação?

Menos

Dizem os conhecedores da presidência que o número de ministérios- e de ministros – vai diminuir.