O bem amado, Sucupira é aqui. Imprensa marrom

Ouvi atentamente o governador da Paraíba falar em rede estadual de rádio, através da Tabajara (rádio oficial), sobre as denúncias do Fantástico, Veja e Época. Ricardo não responde uma denúncia. Ricardo transfere a responsabilidade para imprensa. Ricardo utiliza-se de um jargão criado pelo personagem vivido por Paulo Gracindo. Na novela, o Jornal “A TROMBETA”, dirigida por Neco Pedreira (Carlos Eduardo Dolabella), meteu-se com a filha do Prefeito Odorico Paraguaçu que vai tratar de resolver o assunto. A liberdade de imprensa corre perigo em Sucupira, mas o diretor do jornal não desarma, arriscando a própria vida em defesa da livre circulação de ideias.

Lembro-me sempre o que disse o jornalista gaúcho Luiz Cláudio Cunha recebeu no último dia 9, o título de “notório saber” da Universidade de Brasília (UnB). Foram exatos 42 anos para receber o diploma de Jornalismo. Enquanto isso, Luiz Cláudio ganhou todos os principais prêmios da imprensa brasileira com reportagens que denunciaram as atrocidades da ditadura militar no Brasil.

“O bom jornalismo se faz e se constrói com boas perguntas. O jornalismo de excelência se faz com excelentes perguntas”, resumiu Luiz Cláudio, ao receber o título das mãos do reitor da UnB, José Geraldo de Sousa Júnior.

Perguntado como ele avalia a relação governo-imprensa, Luiz Cláudio respondeu?

O governo, qualquer governo, faz mal à imprensa. A imprensa, toda a imprensa, faz bem ao governo – principalmente quando critica. Governo não precisa do “sim” da imprensa. Governo evolui com o “não” da imprensa. A proximidade da imprensa com o governo abafa, distorce o jornalismo. A distância entre governo e imprensa é conveniente para ambos, útil para a sociedade e saudável para a verdade. Jornalismo é tudo aquilo de que o governo não gosta. Tudo aquilo de que o governo gosta é propaganda. Certa vez, o segundo presidente da ditadura, general Costa e Silva, queixou-se das críticas da imprensa. Sua interlocutora, a condessa Pereira Carneiro, dona do Jornal do Brasil, esclareceu que eram apenas “críticas construtivas”. O general, sempre franco, foi direto ao ponto: “Mas o que eu gosto mesmo é de elogio!…”

Fico impressionado em ver amigos fazendo o papel de assessoria, quando ocupam espaços preciosos no rádio, na TV e em suas colunas em blogs e portais. É um erro. Quem deve defender governo são os secretários, deputados e suas assessorias. Jornalismo é para atacar mesmo. Mostrar o que não pode ser visto pela população. Imprensa é para denunciar escândalos como da Fazenda Cuiá. Radialista tem que denunciar a safadeza de um gari-laranja que ganhou uma licitação milionária na EMLUR. Imprensa tem que denunciar a situação dos professores que ganham menos de 2 salários mínimos no estado, no município e nos cambaus.

Jornalismo é tudo aquilo de que o governo Ricardo não gosta. Se você me odeia pelo que escrevo, é uma opção sua, respeito. Um dia talvez seus netos saberão o valor que tive de querer ser um farol no meio de uma tempestade de ladrões e corruptos deste Brasil. Não me vendo. Sou um farol que no meio de qualquer tempestade, você poderá lembrar e saber que estarei aqui para denunciar e dizer também que jornalismo é tudo aquilo de que Ricardo e Agra não gostam.

A luta continua até que me calem com a morte.