O aumento, o avião do governador e as crises do ano novo

Nilvan Ferreira

Pra quem pensava que o governador Ricardo Coutinho teria, em 2012, um acentuado processo de recuperação nos índices de sua popularidade, após uma série de medidas amargas, tomadas no ano passado, o novo ano mostra um cenário completamente diferente.

Ricardo já iniciou 2012 vendo agravar-se sua relação com várias categorias do serviço público estadual. E, neste aspecto, o ponto crucial são os índices que compõem o aumento anunciado já no final do ano passado, que não agradaram a parcelas significativas do funcionalismo. As reclamações são gritantes e pode “pipocar” greve em vários setores.

O novo ano também começa com outro obstáculo a ser enfrentado pelo governador e sua gestão quando anuncia um processo de reordenamento, envolvendo escolas públicas que podem ser fechadas em dezenas de cidades paraibanas. Uma notícia como está não poderia soar bem para nenhum governante. Fechar diversas escolas, principalmente na zona rural das cidades, além de também demitir milhares de prestadores de serviços já agora no mês de janeiro, deixa qualquer governo numa verdadeira encruzilhada histórica e agrava um processo de desgaste que já se arrasta desde 2011 e de proporções incalculáveis.

Junta-se a estes dois problemas, a confirmação de que o governador pretende comprar um outro avião para o governo do estado, essencial nas viagens do chefe do executivo estadual, dentro e fora do território paraibano. A compra da Aeronave pode ser algo legal, mas do ponto de vista ético, é imoral.

Um estado que começa o ano fechando escolas e demitindo pequenos e pobres servidores, sob o argumento da contenção de despesas, não pode ser dar ao luxo de começar o ano adquirindo um novo avião, que poderá custar a bagatela de algo em torno de 15 milhões de reais aos cofres do já sofrido povo paraibano.

O governo continua perdido. Ricardo continua seduzido pelas medidas amargas e que tem atingido os mais pobres, os mais pequenos, as pessoas mais simples. 2012 seria a oportunidade de o governo mostrar seu lado bom, promover o bem comum e adotar posturas que pudessem transformar o conceito que o carimbou em 2011.

O novo ano poderia ser o momento de uma profunda “guinada”. Uma mudança pra melhor. Um estilo mais sensível, destacando que as medidas duras foram tomadas em 2011 para que agora tudo fosse melhor, com menos dificuldades. E acho que a expectativa dos paraibanos era exatamente esta. Nos frustamos mais uma vez.

O ano começou, o governo não melhorou, não ficou nada diferente do que foi no ano velho e continuaremos sendo obrigados a resistir. Assim como foi no ano que já passou.