Está em queda a confiança do brasileiros nas autoridades constituídas
Roberto Monteiro Pinho
Entre 2012 e julho passado, todas as 18 instituições avaliadas pelo Ibope se tornaram menos confiáveis aos olhos da opinião pública. É um fato inédito nas cinco edições da pesquisa. O índice de confiança nas instituições caiu sete pontos, de 54 para 47, e, pela primeira vez, ficou na metade de baixo da escala, que vai de zero a cem.
A confiança no Judiciário também caiu de 52 para 46 pontos, mas como as outras instituições caíram ainda mais, a Justiça foi da 11º para a 10º posição no ranking. Na primeira edição, em 2009, marcava 58.
— É uma crise generalizada de credibilidade. Estão refletindo o momento do país, os protestos de rua. Já havia uma queda leve nos anos anteriores, mas agora a perda de confiança se acentuou — diz a CEO do Ibope Inteligência, Marcia Cavallari.
O fato é quando o tema é confiança nas instituições públicas, a Justiça vai mal e só ganha do Congresso e dos partidos políticos. E a informação sobre o elevado grau de descrédito da toga consta também da mais recente investigação do ICJBrasil (Índice de Confiança na Justiça), iniciativa da Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas em 2010, para verificar resultados das relações entre o cidadão e o Judiciário.
Somente 33% dos entrevistados dizem confiar nos tribunais, 28% no Legislativo e 21% nas agremiações partidárias. As Forças Armadas lideram a tabela dos que estão bem acreditados, com 63% de aprovação. Depois, seguem grandes empresas (54%), governo federal (43%), emissoras de TV (42%), imprensa escrita (41%), polícia (38%), Igreja Católica (34%).
Neste quadro de opiniões, quase a metade dos entrevistados já acionou a Justiça. Questões trabalhistas (28%) e de família (24%) lideram razões para busca do Judiciário. Outros motivos são relativos os direitos do consumidor (19%), causas previdenciárias (8%), criminais (6%), trânsito (3%).