O aniversário e o presente de grego!!

Nilvan Ferreira

Que o prefeito Luciano Agra foi vítima de uma grande armação para lhe tirar da disputa ninguém duvida. Como também é verdade que a operação foi colocada em prática por gente muito próxima ao próprio governador Ricardo Coutinho. A verdade é que todos se esforçaram para enlamear a história de vida de Agra. Atolaram o prefeito na maior série de escândalos dos últimos tempos. Foi uma média de uma denúncia por semana com efeito devastador.

Até uma festa de aniversário “supimpa” organizaram para o prefeito. Espalharam outdoors, uma feijoada foi servida na festa, mas, Agra não percebeu que o prato principal a ser servido brevemente seria a sua cabeça, como desfecho de um processo que terminaria com a sua “fritura” do processo eleitoral. Os mesmos que organizaram o velho momento do “Parabéns pra você, nesta data querida”, comemorariam, uns aqui e outros na Europa, o sepultamento da trajetória curtíssima do prefeito arquiteto.

E Agra caiu direitinho. Confiou, foi cúmplice, assinou licitações viciadas, respaldou documentos comprometedores, saiu em defesa do grupo na hora dos embates, assinou em baixo na demissão de jornalistas e se ferrou. Foi fritado, desmoralizado, colocando em risco aquilo que ele, o prefeito, mais se orgulhava: a sua condição de um técnico, de passado limpo, sem vícios.

O processo de destruição da imagem de Agra durou poucos meses. Uma operação que envolveu supostos amigos, aliados, correligionários, secretários, assessores próximos e tudo que há de mais perverso no jogo sujo da política. Prepararam as armadilhas e Agra caiu direitinho, mordeu a isca, sem pensar duas vezes que poderia estar vivendo num ninho de verdadeiras serpentes.

Agora, após a renúncia e a ausência do processo eleitoral em termos de candidatura, Agra precisa se dedicar a um aspecto intrigante deste imbróglio. Ele sai da condição de candidato, mas não escapa de condição de réu em dezenas de processos administrativos, muitos deles em estado avançado de investigação, e que pode tirar o seu sono por muitos e muitos anos.

Luciano Agra não pode esquecer que ele, somente ele, foi o responsável pela autorização de um pagamento que envolveu a bagatela de 11 milhões de reais, às vésperas da eleição para o governo do estado, dividido em duas “gordas” parcelas, referente a desapropriação de um terreno na Fazenda Cuiá, que pode ter envolvido até um pedaço de terras, considerado de proteção ambiental permanente.

Por causa deste episódio, pesa contra o prefeito Agra um pedido para que se declare todos os seus bens indisponíveis, pleito que continua adormecido na mesa de um juiz da capital, baseado numa vasta documentação que pode comprovar grave desvio de recursos para a campanha do governo do estado.

A denúncia feita à Revista Época, pelo empresário Daniel Gonçalves, é outro assunto que promete tornar o prefeito Agra como um dos assíduos frequentadores dos noticiários policiais. A sua gestão é vítima da acusação de pagar recursos, referente a compra de milhares de livros didáticos, a uma pessoa que não era o proprietário da empresa que venceu a licitação. Até conta bancária, pertencente, supostamente a um “defunto” foi envolvida na confusão e, ao que tudo indica, o caso já estaria sendo alvo de apuração por parte da Polícia Federal e do Ministério Público e pode ter desdobramento a qualquer momento.

O fato é que Agra já estava com sua candidatura “alijada”, carcomida, completamente comprometida do ponto de vista político e só ele não percebia. O argumento não é falta de tempo para cuidar dos assuntos de João Pessoa e das obras em andamento. O buraco é mais embaixo e a tese vencedora foi a de que sua substituição deveria ser urgente e inadiável.

É o preço que ele vai pagar por ter sido tão fiél ao projeto que ora governa a Paraíba. Sem identidade própria, considerado um “mamulengo”, um fantoche, Agra, inclusive, pode não concluir o seu mandato como deseja. A tendência é que tudo piore a partir de agora. Qualquer atitude que aponte para um processo de desvinculação do núcleo coletivo do PSB, será encarado como uma ofensa, uma agressão, uma tentativa de conspiração. A vida de Agra vai se transformar num verdadeiro inferno e não se pode calcular onde essa confusão vai terminar.

Os próximos capítulos serão decisivos para a concretização de um pensamento mais nítido sobre o caso em questão. A ordem é aguardar os passos seguintes de ambas as vertentes.