Um aposentado no RJ perdeu R$ 60 mil em uma nova modalidade de golpe via Pix. Antonio Manoel Trindade Martins contou que foi induzido a baixar aplicativos que deram total controle de seu celular aos bandidos.
Ele nem desconfiou que estava sendo enganado, pois quem ligou tinha várias informações pessoais dele.
“Me ligaram como se fosse ligando do Banco do Brasil. E no visor do celular, aparecia o número do banco”, lembrou.
Segundo Antonio, os golpistas falaram que havia “uma ameaça”. “Estavam querendo tirar R$ 9.500 da minha conta, e a ‘segurança do banco’ precisava verificar”, detalhou.
Antonio disse que foi orientado a baixar dois aplicativos no celular: um antivírus e outro que permite o acesso remoto ao aparelho.
O aposentado contou também que os golpistas pediram que ele escrevesse cartas de próprio punho para três setores do banco — uma estratégia dos bandidos a fim de distraí-lo e ganhar mais tempo para roubar o dinheiro da conta.
“Quando chegou na terceira carta, eu falei: ‘Escuta, estou vendo aqui uma movimentação na conta de Pix. O banco não está averiguando para ver se não tem alguma ameaça? Por que o banco está mexendo em Pix?’ Nisso, desligaram, o golpe estava feito”, narrou.
Em menos de meia hora, Antonio perdeu R$ 60 mil, em 11 transferências para contas diferentes, além de duas compras de R$ 200 no cartão de crédito.
Luiz Augusto D’urso, advogado especialista em crimes cibernéticos, alerta que bancos não têm o hábito de entrar em contato com o consumidor pedindo para instalar aplicativos diante de fraudes.
“Também nunca solicitará o aceso remoto a computadores ou celulares. Sempre quando isso acontecer, trata-se de fraude, e o consumidor deve desligar imediatamente”, afirmou.
Em caso de movimentação estranha na conta, o conselho é entrar em contato com a agência imediatamente. “O banco, ao receber a denúncia de uma fraude, fará uma análise interna em seu servidor”, explicou D’urso.
No caso de Seu Antonio, segundo o advogado, é preciso avaliar se houve vazamento de dados pessoais. “Caso tenha ocorrido esse vazamento internamente no banco, o consumidor poderá sim ser ressarcido e poderá ajudar judicialmente essa empresa.”
Golpes disparam
Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ) mostram que este tipo de crime tem ficado cada vez mais comum.
No primeiro semestre deste ano, foram 61.932 casos de estelionato no RJ, mais que o dobro do que foi registrado no mesmo período do ano passado: 29.303 queixas.
O que dizem as autoridades
Em nota, o Banco do Brasil disse que não liga para os clientes para informar sobre atualizações de segurança, porque elas são automáticas. E que não pede dados sensíveis, como senhas ou número do cartão. O banco disse, ainda, que o telefone 4004-0001 apenas recebe chamadas, e não é usado para fazer ligações para os clientes.
O Banco do Brasil também informou que analisa todas as contestações de movimentações financeiras não reconhecidas.
A Polícia Civil disse que a investigação está em andamento.
Fonte: IG
Créditos: IG