Nome certo no lugar certo

Paulo Santos

O policial federal Geraldo Amorim quis ser vereador e o foi por duas vezes. Quis ser deputado federal, mas a pretensão esbarrou na falta de votos para voo tão alto sem sequer passar pela Assembleia Legislativa. E quis ser candidato a Prefeito da Capital, ofereceu o nome ao PDT, mas os controversos interesses pessoais do presidente estadual do partido, deputado Damião Feliciano, fizeram-no ficar apenas na vontade e, pior, sem mandato.

Amorim foi um bom vereador, não escondendo as alegrias por algumas conquistas nem jogando para debaixo do tapete diversas frustrações. Não foi vereador pela terceira vez – sua reeleição para a Casa Napoleão Laureano era tida como certa – porque disse ter compromisso consigo mesmo de que parlamentar não deve passar do segundo mandato no mesmo cargo. É questão de foro íntimo.

Por que Amorim merece todas essas observações acima? Porque ele apareceu na segunda lista de futuros auxiliares do prefeito diplomado da Capital, Luciano Cartaxo (PT), para ocupar uma secretaria dita de “Segurança e Cidadania” que ainda não tem sede nem orçamento, mas nasce com uma boa estrela: é o cumprimento de uma promessa de campanha do próximo alcaide.

Não bastasse Amorim ter o perfil ajustado para “chocar” a nova secretaria, o próximo Prefeito começa a dar solidez às suas ideias, mesmo que essa seja apenas uma pequena nuvem nesse cinzento céu da segurança pública. Pior é quando, empossado ou não, o eleito dá marcha a ré em quase todas as suas promessas e as poucas que cumpre o faz de forma enviesada.

Ao contrário das pretensões anteriores que expôs publicamente, talvez Amorim não pensasse em ser secretário, mesmo que segurança seja sua praia. E vai ocupar um posto que tem a ver com o que vinha pregando insistentemente no seu segundo mandato: apoio à educação e combate às drogas.

Espera-se que o vocábulo “cidadania” não seja apenas retórica ou modernidade que não vai além dos limites dos papéis timbrados do oficialismo. O compromisso é abrangente e desafiador, sobretudo porque a administração pública, em qualquer nível, vem superando desmedidamente os limites da mentira, da incompetência e da desonestidade após os compromissos assumidos com o eleitor.

A modesta secretaria que está surgindo pode ter um refrescante papel de formular novos conceitos a respeito da forma de encarar a questão da segurança, seja na formulação de políticas preventivas de combate ás drogas nos ambientes públicos (escolas, praças, etc.), educar os futuros cidadãos para o respeito às leis, auxiliar na discussão sobre problemas no trânsito (que geralmente tanta violência) e advertir a sociedade para o cumprimento da parte que lhe toca neste latifúndio.

Amorim poderia começar sua via crucis, no novo cargo, enquadrando os donos de empresas de ônibus para que assumam suas responsabilidades quanto à segurança dos usuários vítimas das próprias empresas, dos assaltantes de usuários, etc. A seriedade de sua gestão começaria advertindo esses milionários donos das carcaças coletivas que eles apenas agenciam uma concessão pública. E se espernearem, Código do Consumidor neles.

Assim como Amorim, há outros policiais profissionais que se aposentaram ainda com fôlego para contribuir com benefícios para a sociedade, mas seu aproveitamento é um bom começo. Sozinho, entretanto, nada fará e ainda vai ter que se esquivar do chamado “fogo amigo” caso se dê bem na nova missão.

CHAMEM O DIVÃ
Tem autoridade na Paraíba que está exacerbando no deslumbramento do ego ou dando sinais de total desequilíbrio mental. O que, para alguns observadores, não é nenhuma surpresa.

BARBOSINHA
Sebastião Barbosa, o nosso Barbosinha Good Life, prova que é duro na queda. Depois de vários dias numa UTI do Memorial São Francisco e outros tantos no apartamento, já está em casa, liberado por Ítalo Kumamoto e com um reluzente stent no peito.

PROPORÇÃO
Constatar não ofende: quanto mais o trânsito do centro de João Pessoa fica complicado, menos se vê “amarelinhos” para tentar a desobstrução das vias. Aqueles nas motos, por exemplo, são entidades espirituais: todo mundo acredita que existam, mas nunca se materializam para ajudar o cidadão.

FENÔMENO
Coincidência ou não, a violência em São Paulo chegou quase a zero nos últimos dias. Há quem diga que foi consequência da viagem de 20 mil corintianos ao Japão, mas isso deve ser só maldade.