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NOBLAT INCITA NOVAS MANIFESTAÇÕES DE RUA

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Em referência ao senador Edison Lobão Filho (PMDB-MA), que tirou do novo regimento interno do Senado a palavra ética, colunista do Globo tenta ‘acordar gigante’, que teria voltado a dormir: “Faz o maior auê, sai de cena de mãos vazias e se recolhe para pegar no sono. Não, não é hora de deitar em berço esplêndido”; Noblat quer o povão de volta às ruas

O colunista Ricardo Noblat, do Globo, chama novamente o povo às ruas. Para ele, não é hora de deitar em berço esplêndido, ao se referir ao caso de Edison Lobão Filho (PMDB-MA), que tirou do novo regimento interno do Senado a palavra ética. Leia o artigo:

O gigante dormiu. De novo

“Acho que é o momento de acabar com o toma lá dá cá”, Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado

Previdente, esse rapaz. Sabe onde pisa. Como relator do novo regimento interno do Senado, Edison Lobão Filho (PMDB-MA), no exercício do cargo que seu pai, ministro das Minas e Energia, deixou vago, decidiu sumir com a palavra ética. Está no Houaiss: “Ética é o conjunto de preceitos sobre o que é moralmente certo ou errado”. Moral “é o conjunto de regras de condutas desejáveis num grupo social”.

HÁ DENTRO DO regimento um código de ética. É sobre ele que juram os parlamentares na hora em que tomam posse dos seus cargos. Se depender de Lobão Filho , a palavra desaparecerá do código. Afinal, o que é ética para você poderá não ser para ele, argumenta o senador . “A ética é uma coisa muito subjetiva, muito abstrata”. Daí… Daí que Lobão está sendo apenas realista. E menos hipócrita do que seus colegas.

FRAUDAR NOTAS fiscais para justificar gastos com verba de gabinete é faltar com a ética ou não? E omitir da Justiça dinheiro recebido para pagar gastos de campanha? E embolsar grana por fora para votar como manda quem pode? E retardar a instalação de uma CPI à espera de que seus apoiadores desistam dela em troca de vantagens? É espantosa a quantidade de políticos que procedem assim impunemente. Quase todos.

TEM UMA CPI pronta no Senado destinada a se lambuzar com o mar de lama que escorre das obras da Copa do Mundo. Poderia estar funcionando. Mas Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, deu um tempo para que seus pares pensem melhor a respeito . Um pensou e tirou a assinatura: Zezé Perrela (PDT -MG). Outro – João Alberto de Souza (PMDB-MA) – topa tirar, desde que empregue o filho no governo.

CADÊ O GIGANTE? Ele não havia acordado? Foi em junho último que manifestações diárias sacudiram o país. Num único dia, mais de três milhões de pessoas gritaram slogans, enfrentaram a polícia e algumas botaram para quebrar. Nunca os políticos temeram tanto o povo. A presidente da República falou à Nação. O Congresso prometeu aprovar em regime de urgência um lote de benfeitorias sob o título de Agenda Positiva.

PARA AUMENTAR o sufoco dos alvos preferenciais do gigante, o Papa Francisco passou uma semana entre nós dando lições de humildade. E, antes de ir embora, aconselhou os jovens a irem para as ruas. O gigante ganhou na internet até a companhia de um canal exclusivo de televisão só para amplificar seus maus modos. No ar, a Rede Ninja! Pois, cansado – quem sabe? -, resolveu dormir outra vez. Para quê? Quanta preguiça!

O QUE A presidente propôs fracassou – reforma política, constituinte exclusiva, plebiscito ou mesmo referendo, dois anos a serviço dos mais pobres para quem desejasse se graduar em medicina. O senador Cristovam Buarque (PDT -DF) qualificou de engodo o pacote de promessas do Congresso. Ministros e políticos voaram nas asas da FAB e ofereceram caronas a amigos e parentes. Amarildo desapareceu.

A CARA DE BOM moço do PSDB foi seriamente desfigurada pelo escândalo das licitações dirigidas. O lobista do PMDB na Petrobras chocou o distinto público com suas histórias medonhas. Uma delas sobre dinheiro para a campanha de Dilma. Outras, que aguardam publicação, sobre gente só um tiquinho menos graúda do que Dilma. Os Ninjas estão na berlinda de castigo, tamanha é a série de depoimentos que abalou sua reputação.

GIGANTE ESQUISITO, esse. Faz o maior auê, sai de cena de mãos vazias e se recolhe para pegar no sono. Não, não é hora de deitar em berço esplêndido.