Bruno Filho
Tenho acompanhado os campeonatos regionais e nacionais principalmente nas categorias de base e constato que nos últimos tempos tem crescido o número de jogadores filhos de ex-craques que enveredam pelo futebol profissional. Não era comum no passado acontecer esta grande média dos que optam pela profissão do pai, o adorado futebol. E até para o pai, ex-jogador, tem sido uma nova forma de dar início à vida profissional do filho.
É só raciocinar. Se o primeiro emprego é dificil para todos, conquistado rende ao estagiário algo em torno de 1 salário comercial no máximo, melhor é começar jogando futebol. Nos grandes clubes mesmo sendo ainda da categoria de juniores qualquer jogador ganha no mínimo 2 a 3 mil reais. Se for filho de craque tem as portas abertas pelo menos para começar.
Não precisa nem ser um fenomeno jogando, basta apenas ter um sobrenome forte. Claro que alguns são realmente bons jogadores e tem um futuro brilhante pela frente, mas a maioria vai sumir assim como apareceu, feito um foguete, e não provocará grandes lembranças, até pelo peso de carregar o nome do pai. Nas outras profissões a cobrança é bem menor.
No passado apenas dois exemplos vingaram. Ademir da Guia o maior deles, um dos maiores jogadores do futebol brasileiro de todos os tempos, filho de Domingos da Guia, considerado por muitos como o maior zagueiro da história de nosso futebol. O segundo caso, de Djalminha, famoso por sua habilidade extraordinária, filho de Djalma Dias um grande zagueiro a nivel de Seleção Brasileira.
Outros não vingaram ou foram apenas medianos. Começando pelo folclórico Edinho, goleiro filho de Pelé que nunca passou de uma nota 5. Passo por Junior, filho de Zico, que ameaçou mas nunca rendeu. Joãozinho, atacante que carregou o nome do pai, o maior ponteiro do Cruzeiro de todos os tempos e viveu a carreira mudando de clube. Gabriel, filho de Vladimir, continua distante do destaque conquistado por seu pai no Corinthians.
Vamos falar de hoje em dia. Começamos por Thiago Alcantara, filho de Mazinho. Este é bom jogador e atua no melhor time do mundo, o Barcelona, ao lado do irmão Rafael que ainda está procurando espaço. Entre os campeões de 94 o caso de Bebeto que tem seu filho Mateus jogando no Flamengo, com algumas participações no time principal, mas ainda amadurecendo.
Ainda na mesma Seleção Brasileira do tetra, Romário, o maior centro-avante que eu vi na minha vida e que é pai de Romarinho. O menino começou no Vasco da Gama, aonde não deu certo por enquanto, e agora vai jogar no Brasiliense. Reclamações de ambas as partes, o pai chiou muito, porém estou achando que o filho não puxou o pai. Carrega um enorme peso também.
Escrevo sobre o filho de Roberto Dinamite, Rodrigo, que se apresentou ao Duque de Caxias. Com todo o respeito ao time de Caxias, o filho do presidente deveria mesmo é ficar no Vasco. Acredito que se não ficou em São Januário, não seja um grande jogador. Em direção ao Botafogo tivemos um dos grandes idolos da história do clube, Donizete Pantera, campeão brasileiro de 1995.
Seu filho é Renan Pantera, que joga no Flamengo. Assisti ao jogo do garoto pela Copa São Paulo e não gostei. Muitas firulas, pouco futebol, muitos gols perdidos e o peso de responder aos reporteres se é ou não Panterinha. Fica difícil demais. Temos ainda mais exemplos e não poderiamos falar de todos seria quase impossível num comentário curto.
Outro que carrega um peso enorme nas costas é Lucas, filho de Marcelinho Carioca. Joga pelo São Caetano, bate muito bem na bola e foi perguntado milhares de vezes se é bom cobrador de faltas por exemplo, uma pergunta dificilima de responder em se tratando de quem foi o seu pai, o maior de todos no meu ver depois de Zico.
Um peso gigante também está sendo carregado por Rivaldinho, que o próprio nome já diz de quem é filho. Joga pelo Corinthians aos 17 anos de idade e segundo os entendidos será um brilhante jogador. Sofrerá pelo fato de jogar no Parque São Jorge de onde seu pai saiu vendido ao Palmeiras e a torcida nunca o perdoou por isso e o assunto tem mais de 20 anos.
O filho de Alcindo ex-jogador do Flamengo joga na Gavea também e se nos aprofundarmos encontraremos muitos outros. A conclusão é de que não significa sucesso ser apenas filho de craque, precisa jogar e muito bem, não é só genético. Faz parte também, mas não é tudo. Se fosse assim Edinho não seria goleiro nunca, e filhos de Zico, Sócrates, Platini e tantos outros seriam camisas 10 nos seus paises, ou não ?
Bruno Filho, jornalista e radialista, que acompanhou Zoca, irmão de Pelé. Coitado ! virou sinonimo de perna-de-pau.
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