Bruno Filho


Essa frase, que é um chavão, é muito pronunciada nestes dias de antecedem o Natal. Em todas as esquinas escuta-se de pessoas comuns a vontade de ajudar, de contribuir para que os dias que vêm por ai sejam menos penosos para aqueles que mais precisam.

Obviamente é melhor “sobrar do que faltar”, é melhor “pingar do que secar” ou ainda reconhecer que “migalha também é pão”. Não deveria ser assim nunca. Qual é a difefença entre Natal sem fome, Carnaval sem fome, São João sem Fome, Páscoa sem fome, qualquer dia que seja sem fome.

Nenhuma. Estomago não tem calendário e nem relógio. Vazio ele fica em qualquer época do ano. Só no Natal é que se pensa nos mais necessitados ? Durante os outros 364 dias as pessoas vivem de quê ? Somos responsáveis pelo bem-estar dos outros as 24 horas do dia, os 30 dias do mes, e os 12 meses do ano.

Há uma disputa acirrada entre os que acham que é melhor ensinar a pescar, e aqueles que preferem o imediatismo de fornecer a comida pronta. Uma luta infindável que entendo ser aceitável mas que não resolve nada na prática só na teoria. Muito bonito mas não sustenta.

É lógico que muito melhor é o imediato no caso da fome. Dá logo o peixe. Porém em termos de futuro não é o correto. Mesmo que algumas gerações paguem por isso, as futuras tirarão proveito das mudanças. Temos que ensinar a pescar, ensinar e dar meios que façam os humanos andarem com suas próprias pernas.

Um governo tem que empreender e não viver dando “cala-bocas” para o povo. Comprar as idéias com míseros tostões que forram as paredes do estomago e anulam as idéias, fecham as bocas e tapam os ouvidos. Vamos deixar de mediocridade e aceitar esmolas.

Queremos ser um povo forte. Não queremos depender de dinheiro vindo sei lá de onde e que premia os que não produzem. Se hoje somos necessitados esperamos não sê-lo amanhã. Um dia isso vai acabar. Ainda quero estar vivo para ver crianças na escola, com moradia, alimentação, segurança e saúde.

Se me dão 100 reais para que eu possa comer, deveriam aplicar 200 para que eu possa plantar e colher aquilo que como. Não posso ficar à mercê das vontades políticas. Se perco a eleição, perco meu prato de comida. Não pode ser assim. O povo vale muito mais do que 100 reais ou seja lá quanto for. O povo não tem preço.

Como na prática 100 é melhor do que nada, vem a acomodação. Pode parecer utopia, porém podemos sair dessa. O que temos na verdade é que lutar contra a mesmice dessa época. Frases bonitas, gritos de ordem em palanques e nada de concreto. Como disse a Ministra:” se não há mortes e nem saques não existe sêca”. Absurdo. Tenho que ouvir isso.

É o preço que pagamos por receber as tais Bolsas. Como se as mesmas resolvessem um problema conjuntural. Podem sim matar a fome momentaneamente, mas até quando ? Triste do Governo que compra seu povo, mais triste ainda do povo que se conforma com isso.

Vamos deixar de construir um só Estádio para a Copa do Mundo. Por exemplo, o Mineirão. Custou 700 milhões de reais. Será que com esse dinheiro não poderiamos investir em cisternas e poços artesianos por exemplo. Não poderiamos desalinizar a agua do mar que nos banha ?.

Um só Estádio,não precisaria mais. Agora, trocar todo esse luxo esportivo da FIFA por parcas cestas básicas de produtos vencidos é facil. Nos palácios por aí correm “frouxo” camarões, lagostas, filés e bebidas importadas. Neste locais tem até Papai Noel, rosado, gordo e feliz.

Pouca vergonha. Que Natal sem fome é esse. As árvores erguidas em todos os cantos deveriam carregar honradez e honstidade e não ludibriar os incautos. Esses se vendem por pouco, lógico estão morrendo de fome e vendo suas crianças chorar não por brinquedos, mas por leite e comida.

Bruno Filho, jornalista e radialista, revoltado e enojado com a indecência na relação povo-poder.

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