Além do Google e do desenvolvedor do jogo “Simulador de Escravidão” , o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) deve iniciar uma investigação focada nos usuários que baixaram o aplicativo para celular e avaliaram o jogo deixando comentários racistas e descriminatórios na loja virtual Play Store.
O pseudo jogo, que foi retirado do ar após a repercussão negativa do caso, simulava pessoas negras como escravas e que poderiam ser torturadas e castigadas durante a partida. A proposta do game era que o usuário se passasse por proprietário dos escravos podendo controlar o que faria com eles.
Dentre as “dinâmicas” do jogo estão agredir e torturar o ‘escravo’.
O app desenvolvidos pela empresa Magnus Games já estava com mais de mil downloads e já tinha cerca de 70 avaliações, na maioria delas, com discursos de ódio e recista contra pessoas negras.
“O que chama atenção são as pessoas que baixaram e comentaram [o jogo], com aspectos muito reprováveis de um racismo muito escancarado e comentários indefiníveis em termos de gravidade e horror, que ferem qualquer parâmetro de civilização. Esse tipo de coisa travestido de entretenimento é ainda pior”, afirmou a promotora Maria Fernanda Pinto, responsável pelo caso.
Segundo a promotora, não há dúvidas de que houve falha por parte do Google. “A falha da plataforma evidentemente teve porque o aplicativo foi para o ar”, afiirmou em entrevista à GloboNews.
Entre os possíveis crimes, a plataforma, a desenvolvedora e os usuários devem responder por ódio e racismo.
Na última quarta-feira (24), o Ministério Público Federal no Rio Grande do Sul (MPF-RS) instaurou um procedimento para apurar o caso.
“Trata-se de um jogo em que o usuário faz o papel de proprietário de escravos e pode escolher entre a possibilidade de fazer lucro e impedir fugas e rebeliões ou a de lutar pela liberdade e chegar à abolição”, acrescentou o MPF.
Já em São Paulo, o Grupo Especial de Combate aos Crimes Raciais e de Intolerância (Gecradi), do Ministério Público estadual, instaurou um procedimento para apurar a disponilização do aplicativo na loja virtual e quais os termos definidos pelo Google. O MP investiga se houve análise humana no processo.
O Google deve prestar esclarecimentos à Promotoria do caso já esta semana. Após isso, o MP decidirá se irá instaurar um Procedimento Investigatório Criminal (PIC).
A Organização Não Governamental (ONG) Educafro Brasil, que promove oportunidades educacionais à população negra, protocolou neste sábado (27) ação civil pública contra o Google por publicar um jogo chamado “Simulador de Escravidão” em sua loja de aplicativos , a Play Store.
A ONG pede indenização no valor de R$ 100 milhões por dano moral coletivo. Segundo a Educafro, a medida teria caráter punitivo-pedagógico.
“Nosso compromisso diz respeito à proteção coletiva de toda a sociedade, em especial à população negra que cotidianamente sofre com os abusos, violências e crimes praticados contra a coletividade. A gigante Google ou qualquer outra empresa ou instituição deve se responsabilizar por seus atos ou por suas omissões”, afirmou a ONG.
Fonte: Polêmica Paraíba com Notícias ao Minuto
Créditos: Polêmica Paraíba