Morte de Porcino deixa Vale do Piancó enlutado

Nonato Guedes

O clima é de comoção no Vale do Piancó com a notícia da morte, no início da noite de ontem, em São Paulo, do ex-prefeito de Itaporanga e líder sindicalista Antônio Porcino Sobrinho, vítima de um infarto fulminante após vários dias internado no Hospital São Camilo, na Pompéia. Porcino, que foi segundo suplente de senador de José Maranhão, teria sido encontrado desmaiado pela empregada no início da semana passada e foi internado com indícios de pneumonia. Seu quadro clínico chegou a apresentar melhoras, mas, conforme a família, ele não resistiu a um infarto. O prefeito Audiberg Alves Carvalho, do PTB, encerrou a programação do evento esportivo no “Poeirão” em Itaporanga, decretou luto oficial por três dias e feriado em todas as repartições. Porcino presidiu, ainda, a Federação Nacional dos Frentistas, com sede em São Paulo.

Os portais noticiosos do Vale do Piancó destacam a simplicidade e a preocupação de Porcino, também conhecido como “Antônio de Noêmia”, com a solução de problemas que afligiam a população sertaneja, especialmente da sua área de atuação. Recentemente, ele assinou ficha de filiação no PPS, com o propósito de disputar um mandato na Assembléia Legislativa em 2014. Ele foi socorrido às pressas ao hospital em São Paulo. Até as últimas horas não havia confirmação sobre velório e sepultamento e circularam rumores, por parte de familiares, de que ele sempre manifestou o desejo de ser cremado, o que ficou para ser decidido agora. Filho do “Barrocão”, sítio que constantemente freqüentava e no qual promovia festas de confraternização com familiares e amigos, Antônio Porcino nunca renegou suas origens e tinha grande amor por sua terra, ajudando a inúmeras pessoas, sobretudo, das camadas carentes. Também incentivava times de futebol e foi mentor do “Poeirão”, que anualmente reunia grande público em competições esportivas.

Era casado, pai de dois filhos, e adquiriu notoriedade na Paraíba e em outras regiões do país. Foi prefeito de Itaporanga entre 2005 e 2008 e liderou uma corrente expressiva de correligionários políticos na região. Ele obteve a maior vitória da história política itaporanguense desde os anos 90. Sua trajetória como frentista durou quase quarenta anos. Porcino rebelou-se contra o sindicalismo arcaico, baseado apenas na arrecadação de recursos dos trabalhadores, e criou o primeiro sindicato da categoria dos frentistas, em São Paulo, em março de 1990. Presidente da Federação Nacional dos Frentistas, esteve na liderança das lutas do movimento sindical. Brigou e conseguiu vencer batalhas contra a multinacional Esso, que no início dos anos 90 queria implantar as bombas de self-service nos postos de combustíveis. A atuação combativa que empreendeu fez com que fosse evitada, na época, a demissão de pelo menos 360 mil trabalhadores no país.

O nascimento da Fenospetro, como ele costumava dizer, significou uma espécie de carta de alforria para os frentistas, até então subjugados em seus direitos elementares. Os sindicatos de frentistas, com seu estímulo, conquistaram benefícios e melhorias salariais, ainda não obtidas em outros Estados do país. Seu empenho sempre foi o de ver aprovado no Congresso Nacional o Estatuto do Frentista, bem como o piso nacional da categoria. Audiberg Alves, o prefeito de Itaporanga, foi enfático: “Itaporanga perde um filho ilustre, que elevou o nome da cidade em dimensão nacional. Neste momento me solidarizo com a dor de todos os familiares”. Através das redes sociais, amigos do ex-prefeito compartilharam o momento de dor enfrentado pela família, sendo inúmeras as mensagens de forças e orações dedicadas aos sobrinhos Juscelino Porcino e Jacklino Porcino.