O juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, sugeriu nesta sexta (8) que a Petrobras dê “incentivos financeiros” para empregados que denunciarem atos ilícitos na empresa.
Moro participou, ao lado do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio, de evento sobre governança corporativa na estatal, que figura em processos julgados pelos dois.
“Talvez um incentivo financeiro possa servir como estímulo”, disse Moro, enquanto citava algumas sugestões para que a estatal evite a repetição dos crimes investigados pela Lava Jato.
Ele comentou que, durante o “período de corrupção sistêmica na estatal”, havia sinais visíveis de superfaturamento em obras que depois viraram alvo da Lava Jato, mas não houve denúncias.
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou após o evento que vai estudar o assunto. Moro sugeriu ainda que os executivos da empresa sejam submetidos a avaliações periódicas de evolução patrimonial -não só com relação aos bens declarados, mas também com investigações sobre como vivem e que bens costumam ostentar.
Parente disse que a Petrobras passará a processar as declarações de imposto de renda que são entregues por executivos e conselheiros e vai passar também a fiscalizar em tempo real e-mails da companhia, com base em palavras chave.
Moro voltou a afirmar que o loteamento político foi a principal causa para o esquema de corrupção na Petrobras e defendeu que a empresa trabalhe para evitar que o mesmo volte a ocorrer no futuro.
“Chega de nomeações políticas”, afirmou, frisando não ver relação entre “a grande maioria” do corpo técnico da estatal e o esquema de corrupção composto por “empresários e políticos inescrupulosos”.
“Tenho muito claro para mim que a Petrobras não é sinônimo de corrupção”, afirmou. “Esse processo envergonhou a todos nós, brasileiros, não só à Petrobras”.
Na quinta (7), em Curitiba, a Petrobras recebeu o ressarcimento de R$ 664 milhões desviados da companhia. Ao todo, R$ 1,47 bilhão já foi devolvido à empresa.
DEFESA DE LULA
O advogado do ex-presidente Lula, Cristiano Zanin, criticou a presença de Moro no evento da Petrobras. Para ele, o fato comprova a parcialidade de Moro com relação ao julgamento de processos contra o ex-presidente.
“Não é aceitável que um juiz visite uma das partes de um processo. O juiz tem que manter distância em relação às partes”, afirmou, alegando que a estatal pediu para ser parte em processos ainda não julgados, como os que envolvem o apartamento em Guarujá e o sítio em Atibaia.
Zanin afirmou ainda que as sugestões dadas por Moro em sua fala soam como “aconselhamento” em relação a questões que fazem parte dos processos em julgamento.
“Esse fato de hoje, por si só, é suficiente para justificar uma situação de suspeição”, afirmou. “Penso que é o caso de uma nova providência.”
Fonte: Folhapress
Créditos: Folhapress