Ministro da Saúde exonera diretor após campanha para o Dia Internacional das Prostitutas

Após a divulgação de uma campanha para o Dia Internacional das Prostitutas com a frase “Sou feliz sendo prostituta”, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, determinou a demissão do diretor do departamento responsável pela peça, Dirceu Greco. A campanha foi criada pelo Departamento de DSTs, Aids e Hepatites Virais do ministério, chefiado por Greco, em uma oficina com as profissionais do sexo em março deste ano. A pasta justifica que o departamento veiculou a campanha sem a aprovação da Comunicação Social do ministério. O material foi produzido após a realização de uma oficina com as profissionais em João Pessoa, em março, para abordar os cuidados com a saúde. Representantes de organizações não governamentais, associações e movimentos sociais que atuam com as profissionais do sexo de todas as regiões do país participaram do evento.

A peça divulgada nas redes sociais do Departamento de DSTs no dia dois de junho foi retirada do ar a pedido de Padilha. Segundo o ministério, o texto não atendia o foco da campanha, que era a saúde dessas profissionais. Os panfletos traziam fotos de prostitutas e frases sobre profissão e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. Na tarde de ontem, o panfleto com a frase “Sou feliz sendo prostituta” virou alvo dos deputados da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. Por iniciativa do seu presidente, o deputado Marco Feliciano (PSC-SP), a comissão decidiu que vai cobrar esclarecimentos da pasta. A discussão começou quando se discutia um requerimento do deputado Costa Ferreira, em que ele pedia a realização de audiência pública para debater propostas que visam a valorização e a proteção da família. Feliciano aproveitou o requerimento para incluir nele o apelo de informações ao Ministério da Saúde.

– Já vou pedir à Mesa para incluir nesta pauta um requerimento de informações ao Ministério da Saúde sobre essa famigerada campanha – disse Feliciano. O mais duro nas críticas foi o deputado João Campos (PSDB-GO), da bancada evangélica. Ele acusou a presidente Dilma Rousseff de não cumprir compromissos assumidos durante a campanha eleitoral e chegou a comparar a situação com uma hipotética campanha sobre a pedofilia. “Eu estou imaginando aqui os títulos das próximas campanhas: “sou adúltero e sou feliz”, “sou incestuoso, sigam-me”, “sou polígamo, me acompanhem”, “sou pedófilo, observem-me, sou feliz, estou realizado”, ironizou Campos. “Que isso não aconteça”, respondeu Feliciano. Já o deputado Marcos Rogério (PDT-R0) afirmou: “Ainda que a prática da prostituição não seja crime, o que o governo faz através de uma campanha midiática, publicitária, é uma apologia ao crime, à prostituição”.