analisado de forma muito rápida

Ministério da Justiça admite que decreto de porte de armas 'pode ser insconstitucional'

Ministério da Justiça admite que decreto de porte de armas 'pode ser insconstitucional'
WILSON DIAS/AGÊNCIA BRASIL

O chefe de assuntos legislativos do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Vladimir Passos de Freitas, disse hoje que é possível que o decreto que ampliou o direito de porte e posse de armas, assinado na última semana, tenha itens inconstitucionais.

Segundo ele, o decreto foi avaliado de forma muito rápido pelo ministério comandado por Sergio Moro. Por isso, o próprio órgão não tem uma avaliação consolidada sobre sua constitucionalidade.

“Foi tudo muito rápido. Não houve a oportunidade de um aprofundamento”, afirmou Freitas, sobre a legalidade do decreto.

“São muitos artigos e há sempre um risco de [inconstitucionalidade]. A lei de armas é uma lei bem restritiva e pode ser que uns aspectos [do decreto] que sejam atacados.”

Conforme o UOL revelou, o Ministério da Justiça teve menos de 24 horas para avaliar o decreto.

Freitas confirmou nesta tarde, em evento em Curitiba, que o prazo para análise do decreto foi curto.

Ele disse que algumas conversas prévias até ocorreram com alguns membros da pasta. Mesmo assim, a análise do decreto foi “corrida”.

Ele também afirmou que, mesmo que a constitucionalidade do decreto não tenha sido completamente confirmada, ele foi assinado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) porque era uma promessa de campanha e uma desejo pessoal dele. Neste caso, aliás, ele afirmou que não cabe o Ministério da Justiça contrariar o presidente.

“Algumas posições são do presidente da República. São promessas de campanha. Aí não cabe ao Ministério da Justiça se posicionar contrário porque é o presidente que quer” afirmou Freitas. “Ele foi eleito com 55 milhões. Ele é o presidente e ele desejava.”

O chefe da área legislativa do ministério afirmou que análises rápidas do órgão são necessárias e corriqueiras. Ele lembrou também que frequentemente propostas de leis são consideradas inconstitucionais por juízes de primeira instância e pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

O presidente Bolsonaro afirmou na sexta-feira, em também em Curitiba, que assinar o novo decreto de armas havia sido uma “honra” e que a iniciativa assegurava um direito do cidadão. Bolsonaro ainda disse que o decreto estava “dentro do limite da lei”.

Pacote anticrime

Freitas também afirmou que é possível que até um terço dos artigos do chamado pacote anticrime apresentado pelo governo ao Congresso Nacional não sejam aprovados. Para ele, isso faz parte do jogo democrático.

O consultor negou que a situação comprometa o trabalho de Sérgio Moro no governo. Ressaltou ainda que o ministro vem trabalhando muito para a acelerar a tramitação da proposta.

“O ministro, ao contrário do que muitos pensam, tem habilidade política”, disse Freitas. “Ele não é populista. Sua habilidade política é outra.”

Fonte: UOL
Créditos: Vinicius Konchinski