Polêmicas

MIDIA NINJA - Casa Fora do Eixo: um depoimento impactante

 

images (36)

images (35)Quem acompanhou as manifestações de rua das últimas semanas certamente ouviu falar na Mídia Ninja – grupo de jovens que cobriu tudo ao vivo pela Internet.

No programa Roda Viva da TV Cultura, na última segunda-feira, dois de seus mentores – Pablo Capilé e Bruno Torturra – foram entrevistados. Desde então, uma grande polêmica toma conta da rede.

A Mídia Ninja faz parte de uma organização muito maior, chamada Fora do Eixo (FdE). É uma rede com ramificações em todo o país, que reúne produtores culturais, artistas e bandas independentes.

Irrigada com dinheiro público dos governos federal, estaduais e prefeituras, além de Petrobras e grandes empresas privadas, o FdE mantém em várias cidades as chamadas Casas Fora do Eixo, onde grupos de jovens vivem e trabalham, gratuitamente. Tudo é compartilhado e ninguém é dono de nada, nem das próprias roupas.

O depoimento que a jovem Laís Bellini postou em seu Facebook ilumina os subterrâneos da organização, que mais parece um misto de seita e pirâmide financeira, conduzida por um líder messiânico – Capilé – e seus “gestores”.

Há de tudo no relato de Laís: semi-escravidão, lavagem cerebral, uso de sexo para cooptar novos adeptos, proibição de visitar a família, abandono da faculdade e uma carga brutal de trabalho.

Alguns trechos:

(…) Através de imersões (que aprendemos a fazer durante uma nossa lá na Casa Fora do Eixo São Paulo), começamos a espalhar o conhecimento da rede, as ideias, os vocabulários, os vícios, as dependências, e tudo mais que vem embolado nessa seita, com cara de culturalmente popular, musicalmente descolada, pessoalmente encantadora, internamente… cheio de gente incrível que está cega como eu já estive e com um número contável nas mãos de quem são os controladores e administradores da rede querendo consumir só uma coisa em você: a sua mente. (…)

(…) Sim, tenho amigos ali dentro que me vêem como quem desistiu, mas não se dão conta do escravismo que estão vivendo, e aqui eu digo escravismo referindo-me ao mental e ao financeiro. Quem toma coragem pra sair da rede tem que ter algum recurso financeiro para recomeçar a vida do zero e muitos, que eu sei, ainda enfrentam longas sessões de terapia. Muitos amigos meus preferiram mudar de cidade, mudar de ares, enfim, pra tentar tudo de novo… uma das coisas interessantes que notei é que quando você está ali dentro, e não importa a época – não me refiro a agora que há por exemplo a Mídia Ninja pautando assuntos nacionais e internacionais, mas sim tempos em que eu ainda estava por ali e a coisa tava só começando com essa mídia mais externalizada – , enfim, você acredita piamente que tudo o que você está discutindo, debatendo, refletindo é sobre a própria rede, em constante ação de marketing. (…)

(…) Catar e cooptar. Vejam bem moças e rapazes, se você for considerado um perfil estratégico para estar e entrar na rede, cuidado, você em breve pode perceber alguma pessoa que vai se aproximar bastante de você, mas bastante mesmo a ponto de demonstrar muito desejo por você. Quando você está se aproximando, há reuniões que acontecem dentro da cúpula, as vezes com mais uns ou outros, que podem ser indicados para tal ação, para definir quem é a pessoa que tem mais perfil para dar em cima de você e te fisgar pra dentro da rede. Sim, essas conversas acontecem em reunião e ali é definido o nome da pessoa que vai partir pra cima. Cada um aqui que tire a sua conclusão. Tanto sei desse papo que soube ainda que ficaram preocupados quando o cara que foi enviado para partir pra cima de mim não conseguiu, e por isso não sabiam o quanto eu estava me envolvendo realmente com a rede ou não. Só pra pontuar, quando eu ainda estava lá, eu participei de uma conversa na qual propunham que eu tinha que demonstrar que eu estava mais dentro, que eu estava mais entregue à rede, pra que elas pudessem confiar em mim e pra que eu pudesse partir pra fazer ações estratégicas como sair pra catar e cooptar uns caras que considerassem interessante estar dentro. Uma semana depois dessa conversa eu estava fora. E não se enganem queridos, o amor tá aí pra ser mais uma ferramenta… seja você um(a) universitário(a), um(a) intelectual, um(a) artista interessante pra eles, um(a) professor(a) bem posicionada politicamente. Não importa, se você é alvo, o “amor”, ou melhor, o “pós-amor” é uma ferramenta. (…)

(…) Com quem você se relaciona?! Não queira estar lá dentro e se relacionar amorosamente com qualquer outra p essoa que esteja fora da rede. Você vai viver aquilo ali e nada mais. Ficar dentro da casa o dia inteiro e só sair quando é necessário para a casa (cumprir alguma agenda da sua frente de trabalho ou então se você está escalado para almoço, compras, algo do tipo). Você não vai sair de casa para ir ao cinema, nem tampouco ao teatro, você não vai sair pra ouvir um som, nem tomar uma cerveja com o seu vizinho, afinal você nem conhece seu vizinho, porque não há tempo, espaço, disponibilidade. Você vive dentro da Casa Fora do Eixo São Paulo e isso é a sua vida. Se você quer visitar seus pais no interior… olha sinceramente, que você tenha um bom motivo… e que não venha “pedir” 2 meses seguidos. Sim, porque ali o verbo era esse. “Posso ir visitar minha mãe essa semana?” (…)

(…) Tem gente lendo e com medo de escrever o seu próprio relato. Eu espero que mais gente tenha a coragem da Beatriz, a minha coragem e a de tanta gente que ainda vai aparecer, cada uma a seu tempo, cada uma no seu espaço, porque abrir a boca pra falar disso aqui não é fácil não. Sim, eu tenho amigos que já foram ameaçados e não venh