POR RUBENS NÓBREGA
A campanha eleitoral deste ano na Paraíba não será lembrada no futuro apenas como aquela onde a imagem pública de alguns de seus mais destacados protagonistas desceu aos níveis mais baixos de credibilidade e confiabilidade de toda a nossa história republicana. Precisa dizer os motivos? Não? Então, vamos adiante.
A campanha eleitoral deste ano na Paraíba não ficará marcada na lembrança das pessoas de bem tão somente como aquela onde os atores que encabeçam dois ou três elencos dos mais promissores da nossa deprimente cena política mandaram às favas todos os escrúpulos, inclusive os de consciência, como diria o velho Jarbas.
A campanha eleitoral deste ano na Paraíba ficará gravada na memória popular também pelo ineditismo e curiosidades dos métodos e processos de formação das chapas majoritárias, entre os quais a surpreendente dificuldade de um governador de Estado, candidato à reeleição, de buscar e encontrar um vice pra chamar de seu.
Digo assim pelo que li ontem nas colunas deste Jornal da Paraíba assinadas pelos colegas Arimatea Souza e Aline Morais. Através das notas publicadas em ‘Aparte’ e ‘Em Foco’ sobre a peregrinação de Ricardo para arrumar um vice, descobri que a Doutora Lígia Feliciano, a ungida, deve ter sido a sétima opção do peregrino.
Primeiro, o governador teria movido céus e terras para preencher a vaga com o ex-prefeito Veneziano Vital, de Campina Grande. Mas o Cabeludo declinou em favor da Deputada Nilda Gondim, que também não quis e sugeriu o nome da Doutora Tatiana Medeiros, que igualmente rejeitou participar da chapa liderada pelo PSB.
Esgotadas as possibilidades dentro do PMDB, o governador teria cortejado a Deputada Daniella Ribeiro, do PP. Mas ela resistiu a todos os assédios e acenos, fazendo com que Ricardo Coutinho passasse a investir no Deputado Efraim Filho, que pulou fora antes que as tentações fossem além de sua capacidade de resistir às propostas e promessas.
Sem Daniella, sem Faito, desejando ardentemente um expoente de Campina na chapa, Ricardo teria sondado o empresário Arthur Bolinha Almeida, mas terminou por se render ao Deputado Damião Feliciano, marido da Doutora Lígia, que teria condicionado o apoio do PTD ao governador à aceitação do nome da esposa para vice.
Nessa lista só não daria para incluir o vereador Arthur Cunha Lima Filho, o Arthurzinho, que teria sido cotado para vice de Ricardo segundo uma lógica besta de que a presença do rapaz na chapa indicaria um racha na família Cunha Lima. Mas, pelo visto, se houve alguma tentativa nesse sentido, o sangue e a perspectiva de poder que o primo famoso representa para o clã seguramente falaram mais alto.
Grande perseguidor
Pelo notável esforço para conseguir um companheiro de chapa, Ricardo Coutinho tem tudo para passar à história também como o maior perseguidor de vice de todos os tempos. O feito nada tem a ver com o que ele fez recentemente ao vice-governador Rômulo Gouveia, de quem desmanchou todo o gabinete e assessoria para se vingar de suposta traição política. O título possível de incorporar à biografia do governador também não se deve aos rompimentos dele com o Doutor Manoel Júnior e o Professor Luciano Agra, que foram vice-prefeitos da Capital quando o prefeito era Ricardo Coutinho, entre 2005 e 2010.
Só para esclarecer
Peço desculpas antecipadas para o caso de alguém se sentir ofendido, mas na escolha do título da coluna não tive a intenção de comparar possíveis candidatos a vice ao cavalo perdido em plena batalha pelo rei Ricardo III, o soberano inglês do Século XIII mais conhecido e temido por sua crueldade, além de inspirador do não menos famoso personagem shakespeariano. Tentei uma paráfrase, não uma analogia com a frase-desespero dita pelo monarca (‘Meu reino por um cavalo!’) ao ser projetado da sela ao solo no campo de Bosworth, no exato momento em que esporeou com força a sua montaria para alcançar e rebanhar de volta à luta os muitos soldados que, pressentindo a derrota, batiam em retirada.
Vital permanece fiel
Pelo menos por enquanto, perde quem vem apostando em um Vital Filho à beira de ‘chutar o pau da barraca’ do esquema do Planalto para manter sob controle a CPI mista da Petrobrás presidida pelo senador peemedebista. A aposta tem como fundamento a aparente frustração dele por não ter conseguido, via Presidente Dilma e Executiva Nacional do PT, reincorporar o petismo paraibano à aliança com o PMDB nas eleições estaduais deste ano.
Até aqui Vital não deu sinais de que por ressentimento pretenda usar seu poder e posição estratégica para facilitar no Congresso o palanque da oposição ao governo petista. Tanto que ontem presidiu nova sessão da CPMI e não colocou em votação qualquer dos 390 requerimentos oposicionistas que pretendem convocar para depor ou quebrar o sigilo de todo mundo que tenha alguma coisa a ver, por mínima que seja, com supostas propinas e pretensos superfaturamentos na aquisição da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, e em outros negócios da Petrobrás.