O inexcedível I Juca Pirama está convencido de que na prática a Nova Paraíba de Ricardo Coutinho é tão velha que o presente faz lembrar o que havia de pior no Brasil há 70 anos.
Mas nem tudo é retrocesso. No texto que reproduzo adiante, Pirama mostra o quanto o Coletivo RC evoluiu. As mudanças são notáveis, além de surpreendentes. Vamos conferir, então.
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Prezado Colunista,
Embriagado com o poder, esse grupo se supera, a cada dia. Agora, está re-inventando o Estado Novo, recuando a Parahyba em 70 anos.
Criaram a Polícia Especial: filmam e “ficham” possíveis adversários de idéias. E para eles, o que não for espelho, é inimigo.
Diálogo passa a ser sinal de fraqueza. Ao se admitirem dialogar com algum grevista, no lugar de extintor de incêndio eles levam um lança-chamas.
E por falar em poder, dá para se notar a metamorfose ambulante do Coletivo RC.
Começa pela direção. No sétimo dia, Ô Magum foi descansar no banco do calunga, e Pol Pot assumiu o volante.
Madame Mao agora é rodomoça e circula pelo corredor, distribuindo Água de Cuiá para alguns, merendas da SP para outros, e chá de meira para os que deverão descer nas próximas paradas.
É gritante a mudança! As primeiras cadeiras já são ocupadas pelos amarelos. A turma do Pêfêlê (os Demos, ex-PDS, ex-ARENA), sem grande expressão, já foi empurrada para a cozinha, seguida da tucanada, e só tomam chá de cadeira.
No teto do Coletivo, instalaram uma metralhadora anti-aérea, alemã, ainda da 2ª Guerra, para abater os aviões e ultra-leves que conseguirem levantar vôo do Aeroclube. Seu manejo é disputado pelo homem da rosa e pelo guri raivoso da Câmara.
Depois que ampliaram o poder, o Coletivo recebeu alguns caroneiros. Na última parada, subiu aquele deputado que na última Sexta-feira da Paixão se empanturrou de traíras.
E correndo atrás, doido para pegar morcego, pedalando um bodinho (para quem não conheceu, era como chamavam as bicicletas para alugar, na Torre), tem um ex-líder da turma de branco que também havia comido traíra na Semana Santa.
A bandeira? Acho que é a mesma, um arco-íris. Ou seria a bandeira de Pernambuco?
Não deu para ver direito, passou muito rápido pelo ponto onde eu estava.
I Juca Pirama
Paraíba recria o DIP
Pirama também me chamou a atenção para o fato de que o Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) foi à Polícia Federal prestar queixa contra uma ação de governo digna do famigerado Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) do Estado Novo.
Na verdade, segundo o próprio CRM, não foi uma simples queixa. Trata-se de uma notícia crime formalizada na expectativa de que a PF apure a tentativa de um auxiliar do Ricardo I de intimidar a fiscalização do Conselho no Hospital de Trauma de João Pessoa.
Autarquia federal, o CRM tem o poder e o dever de acompanhar, denunciar, cobrar providências do poder público, fazer tudo, enfim, para garantir o exercício profissional digno dos médicos. Mas no último dia 11 os representantes do Conselho quase não conseguiram cumprir com a sua obrigação no HT.
“O funcionário da assessoria de imprensa ficou acompanhando a fiscalização com uma câmera filmadora, inibindo o trabalho do CRM-PB. Por esse motivo, a fiscalização foi suspensa por alguns instantes e retomada após a intervenção do diretor administrativo do hospital”, informa nota distribuída ontem pelo CRM.
Gostei. Ótima providência, essa de acionar a Polícia Federal. Duvido que o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), recriado na Paraíba, repita o abuso e reedite o absurdo contra qualquer fiscalização, doravante.
Só espero que a PF não limite a apuração ao cinegrafista do HT. Afinal, se ele fez o que fez é porque tinha ordem superior. O ‘nosso’ Lourival Fontes deve ser chamado também a depor.
‘Vou fugir pra Bananeiras’
Os problemas que os viventes da Capital paraibana vêm enfrentando neste inverno mostram que a Prefeitura de João Pessoa não realizou – se realizou algum – trabalho competente de prevenção de alagamentos e de conservação das vias urbanas.
Vivemos numa cidade onde qualquer chuvinha transforma o nosso cotidiano no caos, pois qualquer poçinha vira lagoa, interdita uns corredores viários e afoga o trânsito em outros onde a chuva só consegue lavar e esburacar o asfalto.
Por essas e outras, vou acabar fazendo o que fez o velho e esperto PV, conforme mandou dizer a uma amiga comum, da seguinte forma:
Minha grande João Pessoa,
Oh! sole mio, onde estás?
A gente não guenta mais
É água que não escoa
É rua virando lagoa
O mundo vai se acabar
Nem sapo aqui vai sobrar
Vou fugir pra Bananeiras
Que água não sobe ladeira
Só volto quando estiar.
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Só recomendo ao Grande PV que tenha cuidado. Viajar – ou fugir – pra Bananeiras só é seguro de avião ou helicóptero. É uma temeridade pegar a estrada de Sapé a Mari e de Mari até Rua Nova, passando por Guarabira. Já tem gente chamando de Caminhos da Morte o que deveria ser Caminhos do Frio.