Paulo Santos
Esses lamentáveis episódios registrados em Pernambuco em consequência da greve dos policiais militares, deixando regiões inteiras sob o domínio de marginais – tratados apenas como “vândalos” ou “saqueadores” – por uma parte considerável da imprensa chapa branca, é pura e simplesmente a evidência de que o Brasil entregou-se á covardia, omissão e incompetência da classe política em todas as escalas de poder.
A origem de todos esses problemas é o descompromisso da classe política com aqueles que vão às urnas ungir milhares de mandatos. Todos se espantam com o que viram pelo TV em Abreu e Lima e em Recife, mas parecem não perceber o que aconteceu no próprio quintal, ou seja, perto de nós, aqui mesmo.
Voltando a Pernambuco, vê-se uma falência total dos aparatos oficiais para lidar com essas situações. O recém-catapultado ao cargo de Governador de Pernambuco valeu-se de frases surradas para rentar passar a impressão de que estava com o controle da situação e no final percebeu-se que estava mais perdido do que cego em tiroteio.
E o ex-governador e pré-candidato a presidente da República, Eduardo Campos, ficou sob o manto da omissão, escondido como se esses fartos não lhe dissessem respeito. Deve ter sido orientado pelos arautos do marketing político e acabou demonstrando que está fora da realidade.
A atual presidenta, Dilma Rousseff, confortavelmente instalada no nababesco aparato da República brasileira, dá ritmo à sua campanha de reeleição com viagens e jantares bancados pelos impostos pagos por aqueles que a ungiram – ou não – nas urnas, ficando na moita para estimular o desgaste de um desafeto político de Pernambuco.
Outra lástima é o Congresso Nacional, empanturrado de discussões estéreis e projetos inúteis, soterrado por uma classe política mentirosa e igualmente omissa, comprometida apenas com seus próprios esquemas que lhes mentem os privilégios. Discursam em nome de um povo que senadores e deputados, na realidade, abominam.
Alguém ouviu falar em alguma providência ou intervenção da Assembleia Legislativa de Pernambuco ou Das Câmaras Municipais de Recife e Abreu e Lima para acionar a Justiça? É provável que os membros dessas eminentes casas legislativas estivessem devidamente guardados em gaiolas de ouro dos hotéis e resorts, longe da plebe rude e ignara.
Aos paraibanos – pobres habitantes da senzala – coube acompanhar, com apreensão, o que acontecia na casa grande e naturalmente se apegando aos santos protetores para que os episódios não se repitam por estas bandas. Cá, como lá, as Polícias estão insatisfeitas e dispostas à fratura exposta.
Cá, como lá, há bandidos à espreita da inércia do aparato repressor para investir contra o comércio e patrocinar idênticas cenas com as vistas nos últimos dias nos noticiários nacionais, mas ninguém quer admitir que o vandalismo pode estar sendo praticado pelos agentes políticos eleitos pelos assustados paraibanos.
O cidadão que mantém essa paquidérmica máquina pública se deixa enganar facilmente. Acredita piamente nas “verdades” que brotam dos candidatos a cargos eletivos e que se exaurem no mesmo dia da posse nos suntuosos palácios. Muitos, inclusive, têm a desfaçatez de tentar a reeleição sob o falso argumento de que precisam continuar seus “projetos”.