O pacote de medidas lançado na última quarta-feira pela Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) para desafogar o trânsito da cidade, já está gerando dúvidas e receios da população. Recuo de calçadas, criação de faixas exclusivas para ônibus e a diminuição do número de estacionamentos no Centro da capital, passando de 447 vagas para 342, estão entre as ações mais discutidas.
Na avenida José Américo de Almeida (Beira Rio), onde as calçadas serão recuadas em dois metros para dar lugar a mais uma via, totalizando três, os comerciantes já demonstram preocupação. “O trânsito vai ficar bom, mas vai atrapalhar o nosso trabalho”, diz Ivonaldo Rodrigues, que possui uma loja especializada em conserto de estofados.
O vendedor de uma loja de colchões também localizada na Beira Rio, Wildesley de Souza, discorda do recuo e afirma que “não há necessidade de mais uma faixa na avenida. Aqui tem trânsito somente nos horários de pico, em um período curto. Se recuar a gente vai ficar com pouco estacionamento e carro não pode ser colocado na rua”. Os comerciantes acreditam que a falta de locais para deixar os veículos pode atrapalhar as vendas, já que vai ficar ainda mais difícil conseguir uma vaga.
O mesmo receio é encontrado entre os frequentadores do Centro da capital. O motorista de transportadora Roberto dos Santos afirma que é “um absurdo a redução dos espaços destinados aos veículos. As pessoas vão agora comprar nos shoppings, porque é garantia de estacionamento”. A movimentada avenida Santo Elias está entre aquelas que vão perder estacionamento e ceder espaço para os pedestres. Irene Batista, 44, frequenta o comércio local e conta que em datas comemorativas, em que o fluxo de compradores aumenta consideravelmente, a rua fica tumultuada e apertada. “Eu concordo que o pedestre tenha mais espaço”, declara.
Para o advogado e professor pós-graduado em Estudos de Trânsito Samuel Aragão, as intervenções são “viáveis e necessárias. Uma cidade moderna como João Pessoa, com tantos veículos em circulação e com a situação agravada pelo crescente número de motocicletas, não pode continuar com um trânsito caótico e complicado como está hoje”.
Quanto ao Centro da cidade, onde pelos menos dez ruas sofrerão alterações que vão desde a mudança de sentido à retirada de estacionamento, Samuel opina que “toda mudança feita com responsabilidade e por quem realmente conhece de trânsito vem para melhorar”.
Transporte público
Uma das metas do ‘Caminho Livre’, nome dado ao projeto da PMJP, é priorizar e melhorar o transporte coletivo, através da circulação em faixas exclusivas e outros benefícios. Mas, a população teme que com a medida os congestionamentos acabem aumentando nas vias destinadas aos carros particulares.
O especialista Samuel Aragão, contudo, afirma que a maioria das cidades de médio e grande portes encontraram saída para melhorar o trânsito priorizando o transporte coletivo de passageiros. “Sendo a avenida Epitácio Pessoa uma das vias mais complicadas de João Pessoa pelo grande volume de tráfego de automóveis, ônibus, caminhões e motocicleta misturados, a faixa exclusiva para o ônibus é o melhor caminho para diminuir os engarrafamentos”, avalia.
As faixas exclusivas serão colocadas na principal dos Bancários, a Sérgio Guerra e a avenida Cruz das Armas, no bairro de mesmo nome. “Claro que terão de fazer ações básicas, como exemplo, a Prefeitura, com certeza, vai exigir um transporte (por ônibus) que ofereça maior número de lugares, deslocamento mais rápido, melhor qualidade de conforto, segurança e pontualidade”, elenca.
Do Blog com Jornal da Paraíba