O médico Gustavo Ramiro, que se formou em uma universidade no exterior e entrou como intercambista no Mais Médicos, para atuar em um posto de saúde em Planaltina (DF), foi desligado do programa, pelo Ministério da Saúde, após ser alvo de um processo por fraudar a folha de ponto.
Amigo do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Ramiro foi alvo de uma denúncia, que contou com depoimentos de funcionários do posto de saúde, e que ele não cumpria sua carga horária completa. Em um dos dias em que faltou ao trabalho, o médico alegou problemas de saúde e apresentou um atestado. Naquele dia, entretanto, ele participou de uma audiência na Câmara a convite de Eduardo.
Fórum teve acesso a documentos do processo, que mostram a folha de ponto de Ramiro preenchida em dias que ele não foi trabalhar.
“Pela presente, vimos informar, o resultado da análise do processo administrativo que culminou com a aplicação da penalidade de desligamento do profissional GUSTAVO RAMIRO SILVA SOUZA do Projeto Mais Médicos, devido à descumprimento de carga horária e ausência injustificada por mais de 02 (dois dias) úteis nas atividades no âmbito do Projeto Mais Médicos para o Brasil, nos termos do Art. 28 da Portaria Interministerial MS/MEC nº 1.369 de 8 de julho de 2013 e Portaria Interministerial nº 216, de 12 de fevereiro de 2014”, diz um despacho da Secretaria de Atenção Primária à Saúde, vinculada ao Ministério da Saúde, do dia 4 de março de 2020.
Além de desligado do Mais Médicos por não cumprir a carga horária e fraudar a folha de ponto, Ramiro foi condenado ressarcir o Ministério da Saúde em R$10.103,34, valor que foi pago ao médico de forma indevida pelo período em que não trabalhou.
“O referido Relatório faz análise das folhas de ponto do médico, onde foram constatados o descumprimento de 208 (duzentos e oito) horas ou 26 (vinte e seis) dias de atuação no Programa Mais Médicos para o Brasil. A soma desse valor de carga horária não cumprida analisados é de R$10.103,34 (dez mil cento e três reais e trinta e quatro centavos), demonstrativo de débitos em anexo”, diz nota técnica da pasta.
Em novembro de 2019, a jornalista Patrícia Lélis, que foi processada por Ramiro por ter divulgado a informação de que ele atuaria como médico sem inscrição no Conselho Regional de Medicina (CRM), já havia exposto um áudio em que ele explica como usa sua influência política junto a Eduardo Bolsonaro para “atacar instituições, deputados e até mesmo fraudar a carga horária do programa Mais Médicos”. Assim como Patrícia Lélis, a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) também foi processada pelo amigo do filho do presidente pelo mesmo motivo.
Fonte: POLÊMICA PARAÍBA
Créditos: REVISTA FÓRUM