A CPI da Petrobras está aprovada, por decisão liminar do Supremo; começar a trabalhar é outra coisa. Os partidos têm de indicar seus representantes, e é muito possível que os governistas adiem ao máximo as indicações. Isso obrigará a oposição a recorrer de novo ao Supremo, para que determine a imediata escolha dos membros da CPI. Mas estamos em 27 de abril. Há um feriadão no caminho. Não é preciso segurar muito: em 12 de junho começa a Copa. Mesmo que a CPI trabalhe, a repercussão será pequena. E depois da Copa começa a campanha.
Pode dar samba? Até pode; há tanto escândalo – o que inclui a informalíssima retirada de um cheque de US$ 10 milhões do caixa da Petrobras, sem autorização escrita – que talvez as barreiras sejam rompidas. Um dia, talvez, quem sabe.
O PT reclama do veto judicial à CPI ampliada, que investigaria também o cartel do Metrô e trens urbanos em São Paulo – cartel iniciado no Governo Covas, no começo da dinastia do PSDB. O PT reclama de barriga cheia, só para efeito público: a CPI ampliada é ilegal, mas criar outra CPI para o cartel que envolve o tucanato paulista é absolutamente legal. Com maioria no Congresso, os governistas só não abrirão a nova CPI se não quiserem – e talvez não queiram, porque as empresas acusadas de cartel em São Paulo fizeram e fazem obras em todo o país, em governos de vários partidos.
Mas seria ótimo que a CPI do cartel fosse formada para valer. Não dá para acreditar que um único integrante do Governo Covas comesse sozinho todo o butim. Quem mais do Governo esteve na comilança?