Marina Silva (PSB), foi, nesta quinta-feira, a terceira a participar das sabatinas promovidas pelo GLOBO com os quatro principais candidatos à Presidência da República, no Museu de Arte do Rio. Defendendo sus posições sobre o fim da velha política e da reeleição, Marina rebateu as críticas do PT quanto à suas posições sobre a exploração do pré-sal. Ela afirmou que esses ataques vem servindo de “cortina de fumaça” para esconder os reais problemas na área do petróleo, decorrentes do escândalo de corrupção na Petrobras.
– Nós vamos explorar os recursos do pré-sal. Vamos usar o dinheiro que está destinado para a Saúde e Educação para a Saúde e a Educação, e não para a corrupção, como a sociedade tem medo. O que está ameçando o pré-sal é a corrupção na Petrobras. É isso que está ameçando a exploração do pré-sal. Existe uma cortina de fumaça que foi lançada para desviar o debate. uma safra que só dá uma vez precisa ser muito bem utilizada, e não drenada – argumentou Marina, reafirmando que pretende explorar a camada do mineral.
Na sabatina, defendeu o fim da reeleição e mandato de cinco anos, bandeira levantada por Aécio Neves (PSDB) na sabatina anterior. Ela afirmou que “quatro anos pode dar crise de abstinência” a quem quer assumir o poder.
– É preciso criar uma nova qualidade para o processo politico. Fico imaginando o dia seguinte da população com a presidente Dilma sendo reeleita. Como acordar com tudo igual no dia seguinte.Sem mudança, fica tudo como está. Quatro ano pode dar crise de abstinência a quem quer muito o poder. Vamos dizer que quem vai governar é o povo. Estou dizendo que são quatro anos para fazer o que tem que tem que ser feito.
‘NOVA POLÍTICA’
A candidata do PSB afirmou que está surgindo um “novo sujeito político” e que “não existe classe política”, porque os políticos seriam colhidos em diferentes classes. Ela chegou a afirmar que essa tendência se estenderia ao Congresso, questionando se “as pessoas acham que esse movimento que estamos vivendo na sociedade não vai melhorar a qualidade do Congresso?”
– Eu tenho dito que é preciso buscar uma nova governabilidade na realidade do Brasil. Vivemos um profundo atraso em vários aspectos da politica. A soaiedade dcomeça a ter um descolamento da politica.
Depois de falar que “sonhava” que um partido como o PT “que fez a distribuição de renda pudesse se referenciar”, Marina criticou o PT, com uma menção ao escândalo de desvio de recursos das Petrobras.
– Não consigo acreditar num partido que coloca por 12 anos um diretor para assaltar os cofres da Petrobras.
Mesmo argumentando que falou “simbolicamente” do tucano José Serra ao acenar com a possibilidade de que ele pudesse integrar seu governo, sobraram fagulhas ao PSDB quando Marina criticou duramente a crise hídrica enfrentada pelo estado de São Paulo. Ela defendeu que uma “racionalização” do uso da água não vem sendo implantada por causa das eleições.
– Em relação ao governo Alckmin, existem muitas diferenças. O PSDB tá há 20 anos em SP. Estamos vivendo uma das maiores crises de abstecimento de água.No governo da presidente Dilma e Alckmin foram desmontados os comitês de bacias, todo o processo virtuoso que a gente tinha. Não se pode arriscar uma população tão densa quanto a de São Paulo. O sistema Cantareira já está colapsaso e o governo do estado de SP não toma providência.
A candidata citou Pedro Simon (PMDB), Eduardo Suplicy (PT) e Cristovam Buarque (PDT) como nomes qualificados das legendas. E afirmou que busca uma “governabilidade programática e não pragmática”.
– No caso do Brasil, você tem um Ministro de Minas e Energia, que não entende de energia, que é vergonha alheia quando começa a falar de energia.
A candidata negou que esteja “satanizando” partidos políticos ao criticar alianças e acordos entre siglas. Demonstrando irritação com a pergunta, Marina afirmou que está fazendo “a aeróbica do bem” e que evita falar de quadros ruins e sim exaltar os bons.
– Mesmo que esses partidos estejam vivendo em profunda dificuldade e é preciso fazer um esforço muito grande de otimismo. Ministros são colocados e depostos por minutos de televisão. Eu estou fazendo a aérobica do bem, porque eu poderia fazer a aeróbica do mal. Eu nem gasto muito tempo em falar do Renan, do Collor, do Sarney. Eu poderia pegar os piores exemplos para satanizar os partidos.
ECONOMIA
A candidata disse estar comprometida a realizar uma reforma tributária, enviando a proposta já no primeiro mês de governo. E ainda, prometeu criar um conselho de responsabilidade fiscal e fazer o dever de casa “de forma sustentável”
– O problema é que quando as coisas estão dando certo é 100% de responsabilidade da política interna e, quando dá errado, é 100% de responsabilidade da política externa – disse Marina, afirmando que o cenário internacional vem melhorando em relação à crise de 2008 e que o Brasil vem retrocedendo.
Quando foi perguntada sobre que remédios ofereceria a economia nacional, a candidata foi pouco precisa.
– Eu diria aumentar investimentos. Os recursos da educação não são gastos. São investimentos. ós precisamos de uma coisa também. Recuperar a credibilidade do país. Sem credibilidade não há investimento, não há crescimento. Todos esse fatores, somados, tornarão o ambiente melhor.
Marina negou que vai aumentar juros para controlar a inflação no país.
– No programa está dizendo que vai reduzir a inflação, não que o método será a elevação de juros. É possível que se faça isso também por outros meios. Quem disse que será pelo meio mais ortodoxo dos ortodoxos? Exitstem outros meios que podem ser combinados.
No cenário econômico, a candidata criticou o governo e afirmou que a própria Dilma “admitiu” uma crise ao acenar com a saída do atual ministro da Fazenda, Guido Mantega.
– A presidente admitiu isso de forma contundente, só que dramática, porque disse que vai substituir seu ministro depois de todos os erros foram praticados. Só que essa demissão está sendo feita pelo povo brasileiro, que com certeza vai fazer a mudança.
RELIGIÃO
Questionanda sobra influência de sua religião evangélica, a candidata disse que “nunca negou sua fé”, mas que não atuou na política em favor de religião alguma, citando um parecer contrario que ela teria dado contra um projeto de lei que obrigaria a presença de bíblias em bibliotecas. Mas ressaltou que tem direito a exercer sua crença, pois “o estado laico não é ateu”.
– Eu sou uma pessoa que tem fé desde que nasceu. minha avó era uma católica praticante. em 96,97, me converti à é cristã evangélica. Minha fé eu nunca a neguei, nem quando católica nem evangélica. O estado laico não e estado ateu. Se o presidente da república precisa negar sua fé, os cidadãos dirão: se ele não consegue garantir o Estado laico para exercer sua crença, quanto mais para mim. Estado laico é para defender a crença de todas as pessoas. E eu sou comprometida com o estado laico.
Na ocasião, Marina justificou as mudanças em seu programa de governo, afirmando que não foram iniciativa dela, e sim de seus coordenadores de campanha.
– A errata foi feita pelos próprios cordenadores. Os que querem fazer o boato vão falar que eu que quis mudar. Foi uma iniciativa deles.
No caso das propostas para o público LGBT, Marina afirmou que seu porgrama é o mais completo, mesmo com as modificações, entre os principais candidatos à Presidência.
– O nosso programa é o que assegura da melhor forma os direitos da comunidade LGBT. Veja o que tem no programa do Aécio? Uma linha. No da Dilma? Uma linha. Não poderíamos trair o debate que nós fizemos. Se as pessoas tem preconceitos em relação à minha condição, eu sei que sou mais perguntada que os demais. Se vocês observam, em 2010, e agora do mesmo jeito, eu não faço perguntas aos adversários do ponto de vista religioso. Fiz a campanha da Martha Suplicy e do Gabeira, que tinham posições difernetes das minhas. O Estado não é nem para impor a vontade da maioria à minoria nem da minoria à maioria.
O Globo