Margareth apresenta nomes da nova gestão

Após enfrentar mais de quatro meses de batalhas jurídicas, a professora Margareth Formiga Diniz assumirá a reitoria da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). A solenidade oficial da posse ocorrerá hoje, em Brasília, cinco dias após a publicação no Diário Oficial da União. A docente já começa a trabalhar amanhã no cargo que ocupará pelos próximos quatro anos.

Ontem, ela concedeu entrevista coletiva e anunciou alguns nomes dos auxiliares que farão parte da nova gestão.

Desde que foi criada, em 1934, é a primeira vez que a UFPB será comandada por uma mulher. O orçamento anual é de R$ 1 bilhão. Deste total, R$ 900 milhões são gastos com folha de pessoal e outros R$ 100 milhões, usados em serviços de manutenção da instituição.

Ao lado do vice-reitor, Eduardo Rabenhorst, Margareth afirmou que “sente o compromisso e a responsabilidade triplicados”. Ela foi eleita, no dia 6 de junho, com 94,16% dos votos válidos. O pleito ocorreu durante a greve dos docentes e servidores técnicos da universidade, o que fez com que 80% dos alunos se abstivessem da votação.

Por conta disso, o Conselho Universitário (Consuni), maior órgão deliberativo em matéria de política pública da Universidade, decidiu não homologar o resultado do pleito. Margareth recorreu ao poder judiciário e, depois do caso ser apreciado pelo Tribunal de Justiça Federal e até pelo Supremo Tribunal Federal (STF), foi determinado que a professora ocupasse o cargo.

Ontem, diante de um auditório lotado por profissionais da imprensa, docentes e funcionários da UFPB, Margareth lembrou esses momentos difíceis. Ela disse que o Conselho era presidido pelo então reitor da UFPB Rômulo Polari e que a reitoria apoiava a candidatura da professora Lúcia Guerra, que também concorria ao cargo de reitor e perdeu a disputa durante as eleições.

“No entanto, como o resultado das eleições foi desfavorável ao atual reitorado, houve uma tentativa de invalidar o pleito. Apesar de democraticamente eleita, enfrentei feroz e desigual batalha durante e após o processo eleitoral. Nossa chapa precisou recorrer à justiça, para garantir a decisão das urnas”, lamentou Margareth.

Sem citar nomes, Margareth declarou que foi vítima de manobras que tentavam evitar a conclusão do processo democrático. “Eles escolheram escrever uma página inusitada na UFPB. Mancharam e usaram indevidamente o sentido autêntico da autonomia universitária. Criaram a figura do boicote à prática da democracia das urnas. A figura da autonomia estava sendo usada como pretexto da insatisfação da derrota”, disse.

Margareth também criticou a ausência do reitor durante a passagem de cargo. “Assumo uma universidade calculadamente sem reitor ou vice-reitor, para construir a passagem necessária. Apesar dos planos tenebrosos, a UFPB terá comando legítimo e todas as medidas necessárias para suprir essa ausência institucional serão tomadas. Vim para mudar e farei as mudanças”, acrescentou.

Apesar das queixas, o vice-reitor, Eduardo Rabenhorst, destacou que a nova gestão não será movida pela vingança. “O momento agora não é mais de política e sim de esquecer o passado e trabalhar para termos uma universidade renovada”, garantiu.

Durante a entrevista coletiva, a reitora anunciou quais medidas serão adotadas em sua gestão. Ela explicou que ainda precisa fazer um diagnóstico da atual situação financeira e administrativa da universidade, para só, então, começar a definir prioridades.

No entanto, ela antecipou que fará uma revisão no Estatuto da Universidade Federal da Paraíba e irá buscar recursos junto ao governo federal para modernizar alguns setores da unidade de ensino. “Vamos em busca de verbas para investir em áreas importantes da universidade, a exemplo da TV Universitária, que, em breve, estará funcionando”, disse Margareth.