BRASÍLIA – Morreu um, morreram dois, morreram 15, morreram 30, morreram 50. Muitos sob tortura. Mas ninguém viu, ninguém ouviu, ninguém sabia de nada, nem no Maranhão nem fora do Estado.
Mas, no Maranhão, só depois de 60 mortes em 2013 e do relatório do Conselho Nacional de Justiça o país se levanta contra a tragédia de dor e sangue que vem ocorrendo sob as barbas de todos e desde sempre.
É como se ali fosse assim mesmo, não tem jeito. Já é a pior renda per capita do país, o segundo pior IDH estadual, nem saneamento tem, nada vai mudar… Então, deixa pra lá.
Agora, porém, prevalece a máxima de que “uma imagem vale mais do que mil palavras” e é impossível ficar indiferente diante do vídeo macabro divulgado pela Folha. A Justiça, a imprensa, o mundo político e os cidadãos de Norte a Sul escandalizaram-se e berraram, enfim.
Até a ONU ouviu e já exige investigação sobre a barbárie, que acende a luz vermelha em ONGs e órgãos de direitos humanos pelo mundo afora, enquanto a Procuradoria-Geral da República discute o que fazer.
O governo estadual e o governo federal, porém, parecem menos chocados com cenas de cabeças rolando entre corpos dilacerados e mais ocupados com os seus cálculos políticos.
O governo Roseana insiste em acusar até mesmo relatório oficial de difundir “inverdades”. O governo Dilma para, ouve, não toma partido. Ou melhor, para, ouve e, de certa forma, ao calar, toma partido de dois poderosos aliados: o PMDB e o clã Sarney.
A exceção foi a ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário, traduzindo o horror nacional e cobrando a responsabilidade do governo estadual. Uma voz isolada num momento que exige uma grita geral.
Pedrinhas é Maranhão, Maranhão é Brasil e indignação move o mundo. FOLHA DE SP