Maranhão deve disputar o Senado em 2014

foto1

Nonato Guedes

O ex-governador José Maranhão, presidente do diretório regional do PMDB na Paraíba, tem dito que não cogita pendurar as chuteiras por entender que ainda tem uma contribuição relevante a oferecer ao partido, evitando, porém, antecipar definições sobre cargos que disputará. A reportagem do “RepórterPB” apurou que Maranhão se prepara para a eventualidade de disputar a única vaga de senador que estará em jogo no próximo ano – a que é ocupada, atualmente, pelo tucano Cícero Lucena. A candidatura de Maranhão ao Senado será “casada” com a candidatura do ex-prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rego, ao governo. Informalmente essa postulação de Veneziano já foi lançada dentro do partido e o ex-prefeito preocupa-se em formar alianças e tecer composições com outras legendas que impulsionem o seu projeto de chegar ao Palácio da Redenção.

O PMDB cumpre, hoje, a segunda etapa do ciclo de debates intitulado “Pensando a Paraíba”, por cidades do interior, desta feita concentrando-se em Sousa, onde o prefeito André Gadelha é filiado à agremiação. O ciclo foi aberto na cidade de Patos, e os resultados do primeiro encontro foram avaliados como positivos para o conhecimento da problemática local e para a compilação de reivindicações de setores da sociedade que farão parte do programa de metas que será defendido no palanque em 2014. Nesse caso, o partido deixaria em aberto a vaga de vice-governador para negociação com legendas interessadas em fazer parte de uma coalizão.

Maranhão foi eleito ao Senado em 2002, quando se desincompatibilizou do governo, que exercia desde 95 sucedendo a Antônio Mariz, que faleceu no exercício da função. Em 98, ele foi candidato à reeleição, obtendo uma das mais consagradoras votações, proporcionalmente, no país. Seu adversário foi o ex-deputado Gilvan Freire, que concorreu pelo PSB contando com o apoio informal do esquema Cunha Lima, que havia contestado a candidatura de Maranhão mas ainda estava filiado ao PMDB. Passado aquele pleito, o grupo campinense, liderado na época por Ronaldo Cunha Lima, ingressou nas fileiras do PSDB alegando dificuldades de convivência sob a liderança de Maranhão. A informação a respeito da candidatura de JM a senador foi confirmada por fontes fidedignas do partido, observando que o ex-governador ainda tem potencial eleitoral no Estado, apesar de ter sido derrotado na disputa para governador em 2010 pelo atual governador Ricardo Coutinho.

Na prática, Maranhão avalia que ainda tem contribuição a oferecer ao Estado e se baseia na influência que exerce internamente. A sua eleição para presidir o diretório regional teria sido um sintoma do prestígio que mantém na agremiação. Fontes próximas ao ex-governador garantem que ele não criará problemas para a candidatura de Veneziano, que em 2010 foi rifado na pretensão, tendo em vista que Maranhão estava na titularidade do cargo, com o vácuo gerado pela cassação do mandato de Cássio Cunha Lima. Na cúpula nacional peemedebista não há restrições a uma nova candidatura de Maranhão ao Senado, diante do cacife que ele possui na seção paraibana do partido. Ele não chegou a concluir o mandato de senador, em que exerceu funções influentes, como a de presidente da Comissão Mista de Orçamento. Foi substituído no restante do mandato pelo empresário Roberto Cavalcanti, proprietário do Sistema Correio de Comunicação.

O ex-governador ainda não tem posição firmada sobre as composições que o PMDB deverá fazer para as eleições do próximo ano na Paraíba. A hipótese de coligação com o PT não é descartada, mas Maranhão não tem ilusões de que ela venha a se concretizar, tendo em vista as divergências internas na agremiação e a multiplicidade de correntes políticas ou agrupamentos, que vão se enfrentar, neste segundo semestre, no Processo de Eleições Diretas para renovação de comandos nos diretórios estadual e municipal, na capital. Mas ele não fecha portas a entendimentos e tem interlocutores credenciados no agrupamento petista. Discípulos de Maranhão garantem que este será o último mandato que ele vai pleitear depois de uma trajetória que incluiu cargos como deputado estadual, deputado federal, governador por três vezes e senador. O deputado Manoel Júnior insinuou que se a oposição apresentar outro nome que, em pesquisas, tenha condições melhores do que Veneziano para a disputa ao governo, o PMDB está pronto para o diálogo, mas esse ponto de vista não tem maiores apoios internamente.

Enquanto isso, o vice-governador Rômulo Gouveia, presidente estadual do PSD, assegurou que está obstinado no propósito de concorrer à vaga de senador. “A minha posição não tem mais volta, não tenho como recuar”, salientou, referindo-se ao fato de que o presidente nacional da legenda, Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo, confirmou apoio para a sua pretensão.