Manifestantes vaiam Dilma durante evento de direitos humanos

Grupo protestou contra violência policial e pediu agilidade em demarcações.

‘Eu que experimentei a tortura sei o que ela significa’, afirmou a presidente.

Manifestação de indígenas durante a solenidade de entrega do 19º Prêmio de Direitos Humanos 2013, no Centro Internacional de Convenções do Brasil, em Brasília. Durante seu discurso, a presidente Dilma Rousseff foi vaiada e aplaudida por diferentes grupos. (Foto: Ed Ferreira/Estadão Conteúdo)Manifestação de indígenas em entrega do 19º Prêmio de Direitos Humanos 2013, em Brasília. (Foto: Ed Ferreira/Estadão Conteúdo)

A presidente Dilma Rousseff recebeu vaias nesta quinta-feira (12) ao discursar em cerimônia da 19ª edição do Prêmio de Direitos Humanos, em Brasília.

Durante o evento, organizado pelo governo federal, manifestantes, alguns com os rostos cobertos, protestavam contra a violência policial e pediram o fim da militarização da polícia, enquanto outros reivindicavam agilidade na demarcação de terras indígenas.

É inaceitável que a polícia vem e o Estado mata nossos filhos. E é como se enterrasse junto com a mãe como eu.”
Débora Maria da Silva,
Movimento Mães de Maio

“Chega de alegria, a polícia mata pobre todo dia” e “Não acabou, tem que acabar, eu quero o fim da polícia militar” gritavam cerca de 40 manifestantes enquanto Dilma falava ao microfone.

Quando o discurso de Dilma começou, o grupo, inicialmente dividido em dois, se uniu mais à frente, num canto perto do palco. Nesse momento, chamaram a presidente de “genocida” e “ruralista”. Dilma seguiu lendo seu discurso, sem interrupções, e sem responder aos gritos.

Mais para o final da fala da presidente, o grupo mais próximo ao palco começou a puxar gritos a favor de Dilma. “Olê, olê, olê, olá, Dilma, Dilma”, gritavam. Os gritos dos manifestantes se intensificaram, mas foram abafados pelos apoiadores da presidente.

Nesse momento, também, os ministros e autoridades que estavam no palco se levantaram para aplaudir Dilma, que ainda discursava. Ela seguiu falando, indiferente às manifestações pró e contra.

G1 contou pelo menos quatro manifestantes com os rostos cobertos. Havia, junto a eles, um grupo de índios, com cartazes pela demarcação de terras indígenas. A maioria se recusou a falar com a imprensa, e uma manifestante, que não quis se identificar, disse: “Estão matando o povo com a caneta. São ladrões que não vão presos”.