MALDIÇÃO METROPOLITANA, por Paulo Santos

03-IMAGEM-DO-DIA-JOÃO-PESSOA-PB-25-09-2009

Um supersticioso não teria dúvidas em dizer que uma espécie de maldição desabou sobre as administrações municipais na região metropolitana de João Pessoa. A Capital parece ser ilha de tranquilidade em meio às turbulências inauguradas em 1º de janeiro deste ano nos municípios limítrofes.
A sociedade tem sido sacudida diariamente com fatos desagradáveis nos municípios de Bayeux, com o experiente prefeito expedido Pereira envolto numa tempestade por conta de péssimos serviços prestados pela administração em áreas sensíveis, como a da saúde, privando a população de atendimento regular no horário noturno.
No município de Santa Rita, que faz limite com Bayeux, os problemas são até maiores, com o prefeito Reginaldo Pereira sendo alvo de várias acusações e se obrigando a realizar seu trabalho sob vigilância do Ministério Público, tendo que exonerar centenas de pessoas nomeadas irregularmente, além de substituir todos os secretários;
A prefeita do Conde, Tatiana Corrêa, tenta dar um ar de tranquilidade à sua gestão, mas sabe-se que ela também está cercada de inúmeros problemas, sobretudo por se tratar de uma área sensível exposta aos olhos aguçados dos que frequentam suas exuberantes praias e equipamentos turísticos.
O caso mais grave, porém, aconteceu em Cabedelo, resultando na misteriosa renúncia do prefeito Luceninha, que chegou ao posto com uma votação arrasadora, disposto a mudar os rumos do terceiro (e às vezes, segundo) município de maior arrecadação de ICMS na Paraíba.
A renúncia pegou de surpresa os próprios aliados políticos e toda a população porque não houve qualquer explicação do Prefeito para seu ato, na mais absoluta falta de respeito a milhares de pessoas que depositaram nele a confiança na administração de Cabedelo, município massacrado por várias gestões incompetentes e/ou irresponsáveis.
Salta aos olhos que esses privilegiados municípios no entorno da Capital paraibana, têm problemas diametralmente opostos aos de outras regiões do Estado, como os do Cariri ou do Sertão, Na chamada “Grande João Pessoa” nenhum, por exemplo, sobre vive única e exclusivamente do FPM (Fundo de Participação dos Municípios).
Como explicar que o médico Expedito Pereira, após três passagens pela Prefeitura de Bayeux, já no primeiro ano dessa nova vestão consiga patinar em questões de saúde? Além disso, é aliado do Governo do Estado e, por isso mesmo, teria condições de buscar alternativas que os parcos recursos municipais não viabilizam.
O mesmo não se aplica à gestão no Conde, onde a prefeita Tatiana é marinheira de primeira viagem. Conforme relatos de pessoas residentes no município, a administração se perde ao se debater com questões menores da política local e enveredar até pelo terreno da perseguição a adversários, sobretudo ligados ao ex-prefeito Aluízio Régis, ex-marido da atual Prefeita.
Também embarcando pela primeira vez numa administração municipal, Reginaldo Pereira concretizou uma aspiração de quase duas décadas de lutas para alcançar a Prefeitura de Santa Rita e vê os problemas se avolumando, inclusive com denúncias que mobilizam o Ministério Público e põem em risco os planos futuros.
Que os três municípios têm sérios problemas de desvio de foco no bem comum, isso é indiscutível. Numa linguagem menos rebuscada, há indícios de deslumbramento pelo exercício do poder em todos, ou seja, pode estar faltando percepção de que a humildade é um fator primordial para reconquista da credibilidade.
Cabedelo já está com novo alcaide, mas pelas primeiras informações o desenrolar da gestão não será diferente das antecessoras. Uma pena. O município, com uma receita que se propaga espetacular, merecia melhor sorte no seu gerenciamento. De qualquer forma, é necessário dar crédito a quem chega, mas todas as opiniões convergem para os vícios de convivência com segmentos empresariais que visam mais os interesses pessoasi do que os da coletividade.