MAJORITÁRIA EM 2º PLANO

Por Paulo Santos

Há quem inadvertidamente acredite que o simples afastamento do senador Cássio Cunha Lima (PSDB) do governador Ricardo Coutinho (PSB) possa significar que todos os problemas estão resolvidos com a pré-definição do líder nas pesquisas na campanha majoritária de 2014. Na realidade eles (os problemas) começam a ganhar uma dimensão mais ampla.
Se antes havia a incógnita parta saber se Cássio seria – ou não – candidato agora começam as negociações para saber quem irá acompanha-lo, ao governador Ricardo Coutinho e ao pré-candidato do PMDB, Veneziano Vital, nos condomínios proporcionais que irão se formar até mês de julho, nas convenções.

Ninguém pense que sera uma tarefa fácil montar este quebra-cabeças. Se na “cabeça” há três praticamente definidos, na proporcional há pelo menos três mil querendo disputar as 36 cadeiras da Assembleia Legislativa e as 12 da Câmara dos Deputados, a maioria pela via da reeleição. Quem disputa pela primeira vez tem a ânsia de entrar e quem está aboletado não quer sair.
Quem quiser vencer as eleições para Governador e Senador tem que usar de maestria para “costurar” acordos amplos, díspares e até “engolir sapos” para estabelecer uma frente de partidos e uma exército de candidatos que d~e tempo de televisão para o famigerado Guia Eleitoral e saia espalhando suas mensagens de Cabedelo a Cachoeira dos Índios.
Como nessa situação não há mais contornos ideológicos, definitivamente riscados do mapa da geopolítica brasileira, o “salve-se quem puder” entra em campo e vai tentando formar um caleidoscópio cujos matizes ás vezes não são bem perceptíveis, mas dá cor a um esquema que pode cair nas graças do eleitorado.
O segundo ponto delicado desse processo é o que mostra que os partidos na Paraíba não têm presidentes, mas sim donatários de capitanias hereditárias ou, num outro aspecto, latifundiários de siglas que estão no mercado para auferir benesses para si ou para familiares. São oito os “donos” desses partidos.
Vejamos: o ex-senador Efraim Morais é o dono do DEM no Estado com um deputado federal (Efraim Filho) pronto para ser candidato à reeleição ou a vice-governador, com o pai voltando a disputar o Senado. O latifúndio do PR, no Estado, pertence ao deputado federal Wellington Roberto, que também sonha em disputar o Senado e tem um voto – o do filho Caio – na Assembleia Legislativa, pronto para a reeleição.
A seara do PDT paraibano é comandada pelo também deputado federal Damião Feliciano que sabe usar, como poucos, o poder quase divino dado aos “donos” de partidos, pouco se importando com o que pensam ou deixam de pensar os correligionários e o eleitorado. Importante é que a família e os negócios da família funcionem a contento.
Outro latifúndio familiar, na Paraíba, é o PTB, comandado pelo ex-senador Wilson Santiago, que também sonha em voltar aos tapetes azuis do Congresso e, de quebra, obter a reeleição do filho Wilsinho para a Câmara dos Deputados. Admite composição até com o PMDB que, após as eleições de 2012, deu-lhe um “chega pra lá” após frustradas tentativas de desestabilizar o comando do ex-governador José Maranhão.
Uma dos mais proeminentes propriedades partidárias no Estado – o PP – pertence ao clã Ribeiro, de Campina Grande, sob o comando do ex-deputado federal e ex-prefeito Enivaldo Ribeiro, mas a estrela de quinta grandeza é o filho dele, Aguinaldo, hoje ministro das Cidades da presidente Dilma e constantemente assediado para a disputa do Governo ou do Senado, sem contar o voto da elegante e atuante deputada estadual Daniella, irmã do Ministro, que busca a reeleição para a Casa Epitácio Pessoa.
Nessas eleições de 2014 observa-se, ainda, a formação de pequenos latifúndios, como é o caso do Solidariedade entregue ao deputado federal Benjamin Maranhão, recém-ungido na nova agremiação após perder uma disputa interna para o tio Zé no PMDB e deve orbitar, agora, em torno de Ricardo Coutinho ou Cássio Cunha Lima.
Em menor proporção, há o Partido Verde do ex-deputado Dênis Soares e do deputado Wilson Braga, aliados de Coutinho, que também se constitui num latifúndio inexpugnável de Ricardo Coutinho. O deputado estadual Janduhy Carneiro tem seu quinhão no PTN e ali vai tentar a reeleição.
Mas onde o “bicho vai pegar”, nos próximos meses, é no latifúndio do PEN, comandado na Paraíba pelo presidente da Assembleia Legislativa, Ricardo Marcelo. Por ser a maior bancada em nível estadual, o PEN só admite aliança na majoritária com quem garantir um “chapão” nas eleições de outubro. Os demais partidos fogem do PEN como diabo da cruz porque ninguém quer correr atrás de voto em coligações que só beneficiam os penianos.
É nesse mar de águas revoltas, das eleições proporcionais, onde a partir de agora irão navegar Cássio, Ricardo e Veneziano. Pra não dizer que não falei de flores, PMDB e PT ficaram de fora. O PMDB é pujante na Câmara dos Deputados com três) e o PT QUE SÓ TEM Luiz Couto) e não é latifúndio de ninguém.