Carlos Chagas
Ganha uma viagem à Síria quem lembrar do único ministério que nenhum partido pleiteou, quando Dilma ganhou a eleição em 2010. Embarca quem disser “Controladoria Geral da União”. Enquanto se canibalizavam os grupos ávidos de chegar ou de continuar no poder, o ministro Jorge Haje continuava placidamente cumprindo as obrigações exercidas desde a posse do Lula, quando era a segunda pessoa abaixo do ministro Waldir Pires e logo tornou-se a primeira, com o deslocamento do amigo para o ministério da Defesa.
Ninguém queria, como ninguém quer, até agora, o lugar de inquisidor-mór da República, responsável pela investigação de atos de corrupção praticados na administração federal. A atual presidente da República nem se preocupou em colocar o ministério no fatiamento de benesses destinadas à sua base partidária. Simplesmente, manteve Jorge Haje. Estava, como ainda está, tranqüila diante do desempenho justo e implacável do ministro.
É claro que a corrupção continua campeando no governo e fora dele. Acabar com ela parece missão impossível em qualquer parte do planeta, mas vale reconhecer que diante de denúncias e indícios, a Controladoria cumpre seu dever: abre inquérito, apura e envia os resultados ao Ministério Público.
Pois Jorge Haje acaba de surpreender. Declarou, esta semana, que a condenação e a prisão dos envolvidos no mensalão foi essencial, demonstrando que no Brasil as instituições podem funcionar. Mas acrescentou, baseado em sua experiência de dez anos, que “os símbolos da corrupção, os corruptos maiores e emblemáticos, continuam soltos”. Quer dizer, aqueles que corrompem mais, que roubam mais do que os mensaleiros, permanecem impávidos e tranquilos.
A conclusão é de que lambanças e podres ainda mais intensos do que a compra de votos no Congresso estão sendo monitorados e investigados. Tomara que o ministro se apresse na apuração e logo venha a dar o nome desses Ali Babás que ainda passeiam sua impunidade na frente da nação. Seria excelente desfecho para o primeiro mandato da presidente Dilma. Pau neles!
COM ORÇAMENTO OU SEM ELE, ADEUS
Salvo milagre, esta terá sido a última semana de trabalho no Congresso, venha ou não a ser votado o orçamento para 2014. O diabo é que faltam quinze dias para o ano terminar. Vai para o espaço uma semana inteira antes do Natal, que mesmo caindo numa quarta-feira, não apaga do calendário os dias anteriores e posteriores.
Adianta pouco, porém, criticar deputados e senadores, quando se sabe no Judiciário e no Executivo será a mesma coisa. Como também nas escolas, nas universidades, nos hospitais, nos escritórios de advocacia e mais até onde a vista alcance. O ano termina amanhã, ainda que o país continue funcionando, mesmo devagar, quase parando. Vale repetir o que vimos comentando há tempos: país rico é assim mesmo. Em especial por sabermos que janeiro será o mês das férias gerais e fevereiro, da preparação para o carnaval do começo de março, sem esquecer a Semana Santa, em abril.
OS “HERMANOS” NÃO FALHAM
Para quantos se horrorizaram com os acontecimentos de junho em diante, com depredações e invasões em nossas principais capitais, vai uma constatação que não é consolo: na Argentina está sendo pior. No país inteiro de nossos vizinhos sucedem-se saques em profusão, com mortes e violência em todas as províncias. Viajar para Buenos Aires no final do ano passa a constituir um risco…