Por Alana Yaponirah
Quantas mulheres terão que ser violentadas para que nossas leis mudem?
Quantas “Barbáries de Queimadas” terei que noticiar para que homens não se achem no direito de abusar, ferir e matar mulheres que além da violência sofrida ainda são julgadas mais do que seus covardes algozes?
Hoje tive que publicar mais um estupro coletivo, desta vez na cidade de Praia Grande no Rio de Janeiro, uma menina de 11 anos foi violentada por 14 homens . O crime teria ocorrido em um baile funk na semana passada, mas a ocorrência foi registrada somente no domingo, 22, como estupro de vulnerável na delegacia de Praia Grande. O fato por si só já é revoltante, uma criança foi dilacerada por 14 monstros de masculinidade frágil em seu afã de superioridade de macho diante da platéia de outros homens “moleques” de igual personalidade doentia. Engana-se quem pensa que o estupro é um ato sexual, de desejo. Estuprar significa, dominar, subjugar, tenho verdadeiro asco de pessoas que assim pensam sobre esse crime hediondo. Certa vez vi uma pessoa do meu círculo de amizade dizer que homens estupram por terem testosterona demais e terem a necessidade de se “aliviar” . Ledo engano, homens violentos ou “castrados” psicologicamente tendem a ver na mulher uma figura a se dominar, por sob seu poder e assim poder usa-la da maneira mais covarde e vil possível.
São inúmeros os casos em que meninas são taxadas de culpadas, por estarem em um “antro” de perdição no caso específico os tão polêmicos bailes funks. Culpar a vítima é o mais asqueroso dos crimes, uma vez que uma menina ou mulher será marcada pra sempre por esse trauma que mais do que físico deixa feridas na alma, em diversos casos pra sempre. E se olharmos as estatísticas, mais de 60% dos casos de estupro acontecem dentro de casa com alguém conhecido da vítima, muitas vezes sendo o próprio pai, tio, avô, padrasto ou “amigo” da família.
Infelizmente estupros coletivos não são exceções no Brasil, entre 23011 e 2016 o número desses crimes subiu de 1.570 para 3.526, um acréscimo de 125% de acordo com dados do Grupo Folha.
Quando se fala de cultura de estupro, eu conclamo a todos nós mulheres e homens em igual importância, falem com seus meninos sobre a importância do consentimento, pais não incentivem comportamentos onde meninos são forçados a provar sua masculinidade através da iniciação sexual precoce.
E o meu pedido a todas a mães de meninos, eduquem seus filhos a serem gentis, deem aulas de como elogiar uma mulher e em que contexto isso seria oportuno. Meninos tendem a recriar comportamentos machistas. O exemplo é capaz de arrastar, se você quer que seu filho seja um homem de bem, ele precisa antes de mais nada ver esse comportamento dos seus pais. Só assim teremos a esperança de que um dia eu não precise mais chorar diante da tela de um computador, imaginando que minha filha de um ano de meio de idade vai enfrentar esse mundo que aí está, rezo, converso com meu filho de 14 anos e bato sempre na mesma tecla, respeitem seus semelhantes, sejam eles mulheres, homens, gays, lésbicas, trans, sis e afins.
Mais amor e respeito e o mundo pode ser melhor, infelizmente mais uma menina de 11 anos foi violada e o meu coração sangra.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Alana Yaponirah