Lula ouve queixas contra senador paraibano

fotoAo participar de um evento na casa do governador Sérgio Cabral, com a presença do prefeito Eduardo Paes, do Rio, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ouviu uma série de queixas de peemedebistas ao comportamento do senador petista Lindbergh Farias, natural da Paraíba, pré-candidato ao governo fluminense. As reclamações reproduzem o tom de beligerância entre PMDB e PT, que não chegaram a um acordo no Rio para as eleições ao governo em 2014. O PMDB fluminense está ameaçando retirar o apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff, caso Lindbergh não desista da candidatura em favor do vice-governador Luiz Fernando Pezão, pré-candidato peemedebista.

O presidente regional do PMDB, Jorge Picciani, comentou que Lindbergh e o presidente nacional petista, Rui Falcão, estariam tomando “atitudes de calhordas” ao insinuarem que o pré-candidato petista não fará oposição a Sérgio Cabral. O deputado Luiz Sérgio, do Partido dos Trabalhadores, reagiu afirmando que essa é uma posição arrogante e um exemplo de como não se deve fazer política. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tenta mediar conflitos regionais, prometeu que, no tempo certo, vai operar para equacionar a crise entre o PT e o PMDB no Rio. Mas, na opinião de lideranças políticas, dificilmente haverá espaço para um entendimento. A aliança entre PT e PMDB prosperava no Estado do Rio desde 2002, quando Lula externou apoio à candidatura de Sérgio Cabral. Mas a atmosfera atual é descrita como radical. Os dois lados estão em pé de guerra.

Há uma semana, Farias estreou na TV com um discurso defendendo a redução de distâncias que separam o Rio pobre do Rio rico, nas suas expressões, o que foi entendido como crítica direta à administração de Sérgio Cabral. Os peemedebistas reagiram com uma nota ameaçando, como represália, não apoiar a reeleição de Dilma Rousseff ao Planalto. Farias achou a nota deselegante e sublinhou que sua candidatura já está incomodando ao PMDB, mas relembrou que a sua indicação decorreu de um lançamento unânime do diretório regional petista. “Essa nota (do PMDB) foi um tiro no pé”, acusou Lindbergh Farias. Para ele, o PMDB tem todo o direito de lançar candidatura mas não pode ditar ao PT o que ele deve fazer nas eleições do próximo ano. Insinuou que não abriria mão da candidatura, ainda que, por hipótese, a presidente Dilma e o ex-presidente Lula interviessem nesse sentido. Lindbergh está deflagrando uma Caravana pelo Estado nos moldes da que foi realizada por Lula entre 93 e 96, quando percorreu 359 municípios brasileiros, acompanhado de lideranças políticas e sindicalistas. Luiz Eduardo Pezão participa amanhã em Brasília da convenção nacional do PMDB. Interlocutores do candidato peemedebista insistem em afirmar que, no Rio, a aliança com o PT não vai se sustentar no próximo ano.