Rubens Nóbrega
O título, de carona numa expressão muito usada por Rolando Boldrin diante de falecimentos prematuros, inesperados mesmo, é só para atenuar um pouco a tristeza e a dolorosa surpresa diante da morte do Professor Luiz Renato Pontes na madrugada de ontem, em um hospital do Recife.
Registro, contudo, que fiquei intrigado ao saber que o óbito decorreu de parada cardíaca ou embolia pulmonar durante um cateterismo, exame que se faz justamente para identificar veias e artérias obstruídas e ao mesmo tempo desobstruí-las. Para tirar algumas dúvidas e dissipar desconfianças, a respeito do assunto consultei o meu médico de coração, de quem não revelo o nome que é para não aumentar mais ainda a concorrência no consultório dele e sobrar pro cardiopata aqui.
Ele disse não ser incomum a ocorrência de infartos durante o procedimento, mas embolia pulmonar seria uma raridade. De qualquer forma, admitiu que sempre há possibilidade de ressuscitar o paciente, salvo quando o comprometimento dos vasos sanguíneos for muito grave e extenso.
Pelo sim, pelo não, no meu sentir o fato careceria apuração mais circunstanciada. Mas isso é prerrogativa exclusiva da família, embora também deva constituir fundada expectativa de muitos que sentem o tamanho da perda de pessoa tão estimada e admirada por amigos em geral e colegas de UFPB em particular.
Luiz Renato de Araújo Pontes, caçula do saudoso Professor Luiz Mendes, tinha apenas 52 anos, mas já recheava o seu currículo com todos os títulos possíveis de uma carreira acadêmica que começou em 1985, quando ingressou na UFPB como docente do Departamento de Engenharia Mecânica do Centro de Tecnologia (CT), do qual foi vice-diretor de 1997 a 2000.
Cinco anos antes de ocupar o cargo no CT já era doutor e pós-doutor em Engenharia de Materiais por uma universidade da França. Mestrado, em Engenharia Mecânica, fez na UFPB, onde também se graduou em Engenharia de Materiais, no ano de 1982.
Luiz Renato foi candidato a reitor nas duas últimas eleições para o cargo, mas participou do reitorado anterior, de Rômulo Polari, como pró-reitor especial para Integração Universidade-Setor Produtivo, e participava do atual, de Margareth Diniz, como presidente do Instituto de Desenvolvimento da Paraíba (Idep).
Segundo nota divulgada ontem à tarde pela família, o corpo do Professor será velado em João Pessoa nesta quinta-feira a partir das 10h na Funerária Morada da Paz (Avenida João Machado, 1214, Jaguaribe). O sepultamento está programado para 10h de amanhã, no cemitério Senhor da Boa Sentença, na Cidade Baixa da Capital.
“Sobra água, falta vergonha!”
Bananeirense da gema, amigo meu dos tempos de menino, esteve no último final de semana revisitando a nossa pátria brejeira e lá encontrou “uma situação no mínimo esdrúxula”, como diz: caminhões-pipa abastecendo-se em reservatório da Cagepa.
“Sobra água, falta vergonha!”, explode o amigo, tão indignado quanto um ouvinte de Solânea, cidade da Grande Bananeiras, que ligou semana passada para o Rádio Verdade (Arapuan FM, de João Pessoa) contando história parecida.
Segundo a pessoa denunciou no programa comandado por Nilvan Ferreira, caminhões-pipa estariam se abastecendo na barragem Canafístula, a mesma que a Cagepa interditou há dois meses para evitar o esvaziamento total em função da seca prolongada.
Diante de tal situação e as aparentes contradições cagepeanas, tanto o meu amigo quanto o rapaz de Solânea perguntam: se os donos de carros-pipa recebem dinheiro do governo para abastecer lugares secos e pessoas sedentas, devem estar pagando pela água que retiram de reservatórios públicos. Ou não?
Médicos sobram na Capital
Quando fevereiro deste ano chegou, no dia 18 daquele mês o Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou estudo intitulado ‘Demografia Médica no Brasil 2’. Coordenado pelo médico Mario Scheffer, pesquisador e professor da Universidade de São Paulo (USP), o trabalho mostrou a tremenda desigualdade na distribuição dos médicos no país.
Segundo levantou a equipe encarregada, enquanto capitais como João Pessoa chegam a ter 5,22 médicos por cada grupo de mil habitantes (bem superior à média nacional, que é de 1,8 médico/mil pessoas), na maioria das cidades do nosso interior há menos de meio médico (0,46) para cada mil pacientes em potencial.
A disparidade explica porque em abril último a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) pediu e a Presidente Dilma concordou em baixar um decreto, provavelmente em junho próximo, autorizando a contratação de médicos estrangeiros – principalmente de Portugal e Espanha – para suprirem a tremenda escassez desses profissionais em mais de 4 mil pequenos municípios brasileiros com menos de 40 mil habitantes.
Os médicos serão pagos pelo Ministério da Saúde, aliviando os cofres municipais de salários que chegam a R$ 30 mil em alguns casos. É o mínimo que o governo federal deve fazer para cobrir uma falta de 160 mil médicos no interior do Brasil, segundo cálculos do próprio MS. Se deixar como está, sem importar força de trabalho para atender nos grotões, apenas em 2035 será resolvido o déficit de médicos nas regiões e cidades mais carentes.