LUCIANO CARTAXO CAMINHA PARA O ABISMO

Gilvan Freire

Luciano Cartaxo

Um sopro de renovação em meio a uma prática política que parecia girar em torno das mesmas pessoas e de velhos hábitos. Foi assim que surgiu Luciano Cartaxo, nas eleições de 2012, na Capital. Além do mais, a experiência com Ricardo Coutinho tinha chegado ao auge do desapontamento da população, que havia apostado nele para fazer uma regeneração de âmbito estadual, partindo do litoral ao interior.

E veja-se que as principais lideranças à época não eram nada desprezíveis, contando com Cássio e Zé Maranhão a frente. Mas a acirrada disputa entre os dois enfadou o povo e criou uma mesmice entediante de pouca criatividade e baixa resolutividade dos grandes problemas do Estado e do governo. Apenas os grupos partidários se moviam na busca de espaços junto ao poder, enquanto o grosso da população ficava a mercê da boa vontade dos governantes.

CÁSSIO, MARTIRIZADO PELOS RANCORES DAS DISPUTAS BIPOLARIZADAS MAS FESTEJADO NAS URNAS – também por causa desse fenômeno comocional que move os eleitores – teve força para bancar o fim das rivalidades cruentas com o maranhismo e financiou eleitoralmente a terceira via, acreditando que RC tiraria Maranhão do eixo central das disputas. Pensava Cássio que se RC fosse muito ruim para ele ainda assim seria menos nocivo que Zé Maranhão. O tempo ainda não fechou esse julgamento, que está em curso, mas Cássio tem a prova hoje de que apenas substituiu um algoz por outro. E nada de terceira via, nada de mudanças: só a mesmice.

 

Luciano Cartaxo, diante da desastrosa presença de RC no governo estadual, e impulsionado pelo pensamento das novas gerações de eleitores no maior centro urbano da Paraíba, ancorado também – e substancialmente  – no patrocínio de Luciano Agra (um gestor não político que estava muito de bem com os administrados), ascendeu à condição de nova terceira via, embora não houvesse uma só demonstração cabal de que tivesse capacidade aparente de administrar João Pessoa.

 

AGORA, DECORRIDO PRÓXIMO DE UM ANO E MEIO DE SUA POSSE NA PREFEITURA, o que se percebe é que não há nada de novo no cenário, a não ser uma dispersa e desorganizada orientação administrativa, algumas obras sem grande utilidade pública, descaso com aquilo que exige uma gestão inovada, e uma instabilidade emocional gravíssima na relação com os auxiliares (de tal sorte que ainda patina na formação da equipe, mudada várias vezes).

Tudo isso já seria muito preocupante se não fosse o projeto político do novo líder, que prioriza a eleição do irmão gêmeo em detrimento da administração, chegando a mexer, remendar e remexer na cocha de retalhos em que transformou seu secretariado somente para contemplar este projeto doméstico lastimável.

 

Até hoje esse tipo de política de parentela e desorientação administrativa só serviu para manter a Paraíba e a região nordestina no secular atraso em que ainda se encontra, enquanto a população padece para que seus líderes possam ostentar essas vaidades burras. Invariavelmente, esses líderes anacrônicos quebram a administração pública para poder colocar seus consanguíneos no topo da hierarquia política. E ainda se chama de terceira via a via que não leva a lugar nenhum.