Não é novidade que o carioca – o brasileiro de forma geral – precisa de educação ambiental e usa as ruas de lixeira. Às vezes, é preciso um esforço para ser educado. Como nessa imagem de uma rua bucólica, onde a lixeira (ou papeleira) não passa de um exercício de imaginação. Um desafio. Deposita-se algo em cima, equilibrando no ar, na esperança de que seja coletado. Numa chuva, vai tudo entupir os bueiros.
Essa foto é de um lixinho. Isso não é nada…diante do cataclisma nos bairros abandonados e nas áreas da cidade onde a Comlurb não entra. Só 66,18% da população têm serviço de coleta. São 10 mil toneladas de lixo que o carioca produz diariamente. Faltam lixeiras e caçambas por todo lado. Sobram lixões a céu aberto. Saneamento básico ainda é um sonho para mais da metade dos habitantes do Rio de Janeiro. O índice de esgoto tratado é de 43,23%. Isso é um espanto. Mesmo. Questão de saúde pública.
Os garis ameaçam greve na quinta, depois da paralisação de ontem. Dizem estar “sem condições de trabalho”. Alguém duvida? Não aceitaram o reajuste de 3,73%. Eles querem 10%. O salário-base de um gari no Rio é de R$1.382,88 mensais por 44 horas de trabalho semanais, mais R$690 de auxílio refeição e R$553 de gratificação por insalubridade. O presidente da Comlurb, Tarquínio Almeida, prometeu dar “alguma coisa a nível de ganho real, que ainda vamos calcular”.
Dificilmente essa “promessa-a-nível-de” vai dissuadir os garis. Tarquínio disse que, numa empresa de 20 mil empregados como a Comlurb, “qualquer vírgula na folha traz impacto”. Os garis não sabem exatamente se eles são vírgula ou ponto final. Mas conhecem bem o significado de “impacto” na vida da cidade.
Fonte: Ruth de Aquino
Créditos: Ruth de Aquino