Líder, Raniery é mais confiável à cúpula do PMDB

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Nonato Guedes

A publicação, ontem, no Diário do Poder Legislativo, da escolha do deputado Raniery Paulino para líder do PMDB na Assembléia Legislativa, reflete uma manobra da cúpula, presidida pelo ex-governador José Maranhão, para afinar posições dentro do partido, em virtude de divergências expostas por integrantes da legenda como Gervásio Filho, Iraê Lucena, o deputado federal Wilson Filho e seu pai, o ex-senador Wilson Santiago. Filho do ex-governador Roberto Paulino, que sucedeu a Maranhão quando se afastou do Palácio para concorrer ao Senado em 2002, tendo o próprio Paulino sido candidato contra Cássio Cunha Lima, que o derrotou, Raniery já havia sido prestigiado com sua indicação para presidir a Fundação Ulysses Guimarães, uma espécie de núcleo de estudos do PMDB no Estado.

Raniery tem defendido, internamente, a pré-candidatura do ex-prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rego, ao governo do Estado em 2014. O ex-senador Wilson Santiago tem dito que se sente desconfortável no partido e anteontem foi recebido em audiência, em São Paulo, pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem externou o desejo de se filiar ao Partido dos Trabalhadores. Lula, habilidosamente, ouviu as queixas de Santiago sobre problemas dentro do PMDB mas pediu tempo para acomodá-lo em outra legenda, devendo uma definição sair em março. O deputado federal Wilson Filho reclama espaços dentro da legenda mas, pessoalmente, não se sente motivado a deixá-la, podendo fazer isto para acompanhar os passos do pai. Ele também participou do encontro com o ex-presidente Lula.

Versões transmitidas ao “RepórterPB” dão conta de que Lula só não sinalizou concretamente para a filiação de Santiago ao PT porque pretende esgotar consultas junto a dirigentes e expoentes do partido na Paraíba. Há restrições dentro do PT paraibano ao ingresso de Santiago. Alguns filiados ilustres consideram que o ex-senador tenta agir de forma oportunista, por não ter garantido espaços para disputar cargos majoritários pelo PMDB, pretendendo reabilitar-se dentro do PT. O Partido dos Trabalhadores ainda está avaliando qual o papel que deve ter nas eleições majoritárias de 2014, não descartando hipótese de candidatura própria ao governo e de lançamento de um outro integrante ao Senado na única vaga que estará em jogo. Daí a cautela quanto à recepção a Santiago dentro do petismo.

O partido tem cortejado preferencialmente o ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Agra, que tenta ser candidato ao governo para uma revanche contra Ricardo Coutinho, por quem se sentiu preterido dentro do PSB no episódio da eleição municipal de 2012 na capital.

No que diz respeito a Raniery, embora ele pregue o discurso da unidade, é tido como mais confiável à agremiação peemedebista do que Gervásio Filho, que ultimamente tem sido recebido em audiências pelo governador Ricardo Coutinho e participado de solenidades na sua companhia em cidades do interior. A indicação de Raniery para a liderança não contou com as assinaturas de Tróccoli Júnior e de Iraê Lucena. Esta, que é suplente de deputada e assumiu com a condição de votar favoravelmente a matérias do governo Ricardo Coutinho, estaria sintonizada com Gervásio na postura independente que ele tem assumido. Tróccoli, embora atue de forma autônoma, não pretende deixar o PMDB e é mais crítico do governo estadual do que Gervásio e Iraê. A bancada peemedebista compõe-se de sete integrantes. Olenka Maranhão é sobrinha do ex-governador José Maranhão e Ivaldo Morais é sogro do senador Vital do Rego, um dos maiores entusiastas da candidatura de Veneziano ao governo em 2014.

Márcio Roberto, que completa a bancada peemedebista, não faz oposição radical ao governo Ricardo Coutinho, mas tem divergências pontuais com Gervásio Filho na microrregião de Catolé do Rocha, onde ficam suas respectivas bases. Dificilmente ele teria condições de apoiar a permanência de Gervásio, já tendo feito, como fez, reclamações insistentes contra seu comportamento à frente do cargo. Em essência, a substituição de Gervásio por Raniery não garante uniformidade dentro do PMDB, mas dá mais tranqüilidade a Maranhão quanto à condução da bancada na Assembléia, sobretudo em votação de matérias consideradas decisivas para as bandeiras de honra defendidas pela legenda e que se chocam com as diretrizes do Palácio da Redenção.